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A mostrar mensagens de janeiro, 2011

Absolvição

Outorguei a cura da doença do eu, que nunca o foi: uma doença. Dói-me a cegueira. Eu vi o mundo envolto no meu absurdo. Em que ser intelectual não é ser artista, nem ser artista é intelectual. Dotado de um péssimo gosto, eu tenho gosto em mim. Aprendi comigo mesmo, a ser nada nem coisa nenhuma, deixei-me levar pelo que alguém poderia dizer, pensar ou tentar fazer de mim. Alguém que, erradamente me sacudiu daquilo que eu sou, daquilo que eu posso vir a ser. Alguém que desrespeitou aquilo que eu sou, sob o pretexto de estar a respeitar. Esse alguém sou eu sem o ser. alguém que me contestou, alguém que me contestou, alguém que me amargou. Ora são as crises existenciais, Ora é a falta delas, Ora é por isto, ora aquilo e o outro e o que vem depois, O que nunca veio. Amargamente provei o meu suco, bebi do cálice em que se me oferecia o veneno da vida e escolhi viver. Nunca não quis ver, nunca não quis cegar. Fui contestado e amargamente abandonado, pela desvalorização exac

Dogmatismo ingénuo.

Filho da negação, Vontades além da formatação Não há amor verdadeiro Sem ódio. O tempo não passa, estagna, Eu dou vida ao tempo que não há em mim. Douta ignorância, o mundo nunca foi alguma coisa.

Boémia sensorial.

Algo não vai, Algo não vem, Sou um refém Da emoção, Não da que há em mim, Algures na que não há, Haver alguma coisa É a impossibilidade De existir, Eu não existo, Resisto apenas Se paragens, Fossem Qualquer coisa Já nada é, Porque Ser é Não Ser. O que sou, se sou, Quando serei? Nada fui Nada sou Nada quero ser. O que vou estar? Onde vou ser? Já nada penso, O cabo das tormentas que há em mim, Já não me atormenta. Sou um dado, que nunca existiu, que roda Porque roda é cessar o movimento, É estar entregue à falta do excesso daquilo que somos, Um dia, quando eu não for, quando eu chegar a não ser, Serei o que nunca vou querer. Jogo os dados, que nunca joguei, Movi o tabuleiro, e a vida sustentou-se nos alicerces da ficção Fricção de existir sem dados, sem regras, sem ser o que há para vir. Nada do que veio, nada do que posso ser, A História é a demência do Ser-humano, O Revivalismo é o plágio da alma. Penso, mas... pensar é estar doente! Não penso ent

Don't Art.

O tempo passa, o suor esfria o estômago que dá voltas sob o mesmo eixo. Eu penso que o Tempo é uma questão de perspectiva. O amor, um, dois, três … é sempre um amor. Um aquecedor da alma, óculos-lupa,   o código de conduta, autocolantes e a chama a arder, em que não pensar é pensar o amor. Os dados mandados à sorte de quem não manda, o que manda, de quem não faz o que faz. Em que o jogo se joga sem regras, em que o jogo é amoral, anti-estético, anti-ético. Já não há movimento, já não há curva, já não há dadaísmo, já não há a exaltação do surreal, já não há o sensacionismo, já não há realismo. O que há? Não há!

Excesso (da falta) de lucidez.

Olho o mundo e vejo-o como se algo que penso dele, se torna realidade à medida que o vou pensando, numa espécie de esquizofrenia que gira em torno de uma personagem real. O palco dessa personagem é criado, tudo em torno dela. Já nada é sustentável, não sei se excesso ou falta de lucidez, sei que me dói pensar, me dói ver, me dói saber se ou não é fruto da minha imaginação. Vou pensando e a única opção que se mantém, entre as lágrimas, viável, é a do suicídio, como forma de pôr fim à doença de ver no mundo o que (não) há nele. Como forma de não arrastar mais ninguém comigo neste embalo que (não) é o que é. Há uma enorme dificuldade em reconhecer o que (não) é real e de aceitar o facto de tudo ser real e não querer a realidade do que me cerca. A opção mais viável é a do suicídio, falta-me a coragem. Olho para a agradável sensação de ver sangue correr-me o pulso e fujo ao facto de querer perfurar e tê-lo a jorrar fora de mim, pondo fim a qualquer sinal vital que há em mim.

Um eu = dois.

Respiro, respirar é uma doença; já construí castelos de areia, com areia molhada, sólidos castelos, até que a maré suba, os leve e nada reste para além de um espaço onde já estiveram castelos. Uma das mordomias de existir, é ser alguém, qualquer coisa catalogada por aquilo que não é, por aquilo que parece ser. Há amor em mim. Uma réstia de assombro leva o dia, daquele que pode não o vir a ser. Abandonei os castelos de areia molhada, molho a areia, optei por fazer cimento. Ainda que com materiais pequenos, fáceis de ir, como areia, é resistente e consistente, feito com pedaços de fragilidade, é assim o ser que somos. Por vezes trabalhar demasiado as palavras, não significa que as sinta mais, nada posso sentir para além daquilo que sinto em mim. Sou um eu, sou um nós.

Ejaculação.

Demência de existir, Em que não venho, Para não vir, Quando algo não vai, Algo está vindo. Virei quando nada vier, Não porque alguém virá, Vir-me-ei apenas.

Doxa.

Escada rolante do meu Ser. Circula no mesmo eixo, Não no que há, No que vai haver. Existir é uma farsa saudável De quem nunca soube existir, Num patamar do sonho Que não é sonhado. Quando tudo valer, Nada valerá em mim, Serei o valor.

Patamar.

Dói pensar, dói sentir, dói existir para além de mim. Não sei se em mim, perto ou longe disso, sei que me corre, sei que me dói. Sei que me elevo ao apogeu para conseguir, sei que posso tentar, vou sempre falhar. Sei que vou desistir. Sei que dói. Sei que dói. Sei que dói. Não desisto, avanço. Eu luto e luto em vão, dou a alma perco algo que vai em mim, perco a sensação, para obter a emoção em mim. Esforço-me e luto por isso, sempre em vão. Acabo sempre da mesma maneira, deixo alguém se apropriar do meu ser, alguém se oferecer como a cura, para algo que não é doença em mim - é existir - penetram-me o juízo com ideias pré-concebidas sobre o mundo, sem margem para a falta dele. Luto e dou a cara pela minha alma, luto e fico, sou disputado e posto em causa, sei que não vou. Nunca estive. Eu faço tudo, eu dou tudo o que há em mim. Eu dou tudo o que há em mim! Não sei jogar, lidar com pessoas.

Corre.

Corre em mim uma lagoa de felicidade, uma nascente de insatisfação, uma dura angústia. Tudo o que me satisfaz, não me satisfaz. Ensurdeci o empalidecer do meu Ser.Nas ruas há quem corra, quem jogue, quem sinta, quem minta, quem omita. A falta de verdade que há no mundo é dolorosa. As pessoas mentem, mentir é desagradável.

Dorme bem.

Não sei o que sinto, as lágrimas dominam-me - és o que eu mais quero. Por vezes torna-se mais fácil ter-te longe, de forma a poupar-me lágrimas e poupar-te sofrimento a ti. Mas o que eu mais quero é abraçar-te e levar-te para a vida! Vou ficar contigo. O Desassossego numa mão, lágrimas na cara a cair e borrar as folhas de algo que é teu em mim. Ouço a Kettering e choro porque te quero e te tenho.  Não posso ignorar o que sinto só porque é mais fácil.  Eu aceito, quero e CONFIO!!!!!!!!!!!!!!!! Estou.

Lapso II.

Não sei estar, quando estou, com alguém. Quero muito, mas o Amor absorve-me. Tudo se pode pôr em causa, menos a existência do Amor em mim.  [Dói por todos os motivos possíveis e imaginários, porque não faz sentido comportar-me assim, mas é a forma que sei.]

Apneia de viver.

Discurso extremamente auto-destrutivo, sustentado por visões do mundo. Dói olhar o mundo, como se respirar fosso um sacrilégio, uma obrigação. Introspecção apurada de existir, não sei o motivo do meu auto-flagelo – sei que me dói e a dor me apaixona. Não sei confiar, não confio. Não gosto de demasiadas vibrações, de algo que me emocione demasiado e me faça oscilar, gosto da vida estável. [Mesmo que a estabilidade signifique a minha solidão.] Inculco-me a mim mesmo a necessidade de prosseguir sozinho. Não sei viver com estados de humor que oscilem demasiado – não sou autêntico, nem digo coisas bonitas. Não sei confiar, eu tento mas não consigo. Tudo em mim é sofrimento. Vou fechar-me de novo na minha cela. Cerrei-me no meu mundo, onde mensagens e palavras serão (ab)surdas. Não gosto de me sentir desprezado quando não desprezo. Faço tudo e recebo o quê? Espero mais, não posso. Três semanas para me provar que só posso e sei viver comigo, que não vale a pena fazer esse sacrifício

Afasia.

Não há nada em mim, para além de não haver nada. Exacerbo a cultura e doença dum eu, que não sou eu, não sei se chego a ter ou ser sequer um eu. Se coerente, se incoerente, se vivo, se fruto de um possível imaginado e um ser sem anima. Metamorpho de mim mesmo, alcunho e postulo o que não sou, na ânsia de poder ser ainda menos. Sons correm-me e asfixiam a falta de algo que há em mim, dando-me a eterna e soberana ilusão de que pode vir a haver alguma coisa.

Vontade.

Há algo que me dói. Não sei se a vida, a falta ou até mesmo o excesso dela… Tudo vai bem, mas preciso da presença, do contacto, do físico – as nossas Almas há muito que se tocam – desculpa se chego a querer mais do que algum dia pedi. Três são os dias três, talvez venha a haver algo em mim para além do que não há. Sei que te amo pela eternidade, mas chego a querer mais. Desculpa se ao dar, espero algo mais em troca, desculpa se ao querer, espero receber. Desculpa o excesso de vontade.

Espera lúcida.

Acredito que quando me ardem os olhos, isso seja só um caminho feliz para a lucidez. Há palavras que não podemos ler, sentimentos que não podemos dizer; esta é a vida e verdade de ser grande  e inteiro. Talvez me doa crer e pensar... e que seja mais agradável não saber o que sou, que ter consciência de mim, que me sintetizar - comparando-me de forma absurda com outros - porque existo e tornar-me sintético, seria ser pequeno e menor. Entrar num campo meu, onde nem eu me alcanço. Sei que, ainda que não o saiba, o único de autêntico em mim é o Amor que tenho e a minha vida que em torno dele gira, porque o sinto e vejo reflectido em mim. Negá-lo seria negar a minha existência, ainda que eu não saiba bem se existo. Sei que Amo, a única verdade que há em mim, é a de que Amo o Amor, (a de que Amo o Amor)... Algo me inquieta porque tenho alergia ao afecto e amor em mim e por mim, assim como de mim. Quero ver-me ter uma vida no campo do real, com uma família e esta minha Alma que me completa