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A mostrar mensagens de outubro, 2011

Três minutos de arte.

Um cigarro a consumir o tédio, O tecto a pedir mais chuva para poder cair, O Sol escondido e a brilhar para o outro hemisfério. Estás de férias, acordas. Hoje está a chover, Consome a poesia, Lê-me, lê-nos. Brinda. Brindemos. Em três, Passagens intemporais. De poetas Que eu não sou. Que eu serei. Jamais pensarei No mundo, Ignorância de cantar. Serei um ignorante, feliz e incosciente. Serei a pobre ceifeira, Serei feliz. Sou feliz. Em três minutos sou o ser mais feliz do planeta. A felicidade em plenitude, eu abraço-a Um banho chama por mim. Uma água benta das nuvens. Ruma à vida, eu vagueio. Rumo à vida, eu penso. Chuva: hoje estás molhada. Até já chuva, Até já chuva, Até já chuva!

Intermitências de arte.

Riscar um poema. Riscar um dogma. Riscar um fonema. Riscar um paradigma. Um poeta canta em coro, Um verbo pede socorro. Uma frase por construir, O poeta a bulir. Dois dias passam a correr, Uns tentam dizer, Outros conseguem escrever Um poema para ler. Ciência de existir, Não do que se sabe, Do que está para se saber. Não do que vem, Do que está para vir. Correr, como quem cansa. Porque o peso oscila na balança De quem contempla Uma rima em paleontologia Porque existir é uma antologia. Uma antologia estética, Poética, Sem ética. Escrever é uma apóstrofe Sem paradigmas, Sem esquemas ou linhas. Porque rectas ou curvas, Ambas são traços degenerativos Da memória dos vivos. Uns insultam, contestam E acarretam a cruz às costas Como se fosse Cristo, Mas eu não tenho cá disto, Evaristo. Outros continuam correntes, Uns avançam, outros contestam. Uns são poetas de intervenção, Outros de canção. E todos abraçam causas e fundos sem causas Porque com ventos vêm as chuvas, Tempestad

Tédio, Políticos e Lágrimas

Um poema caminha no vácuo, Um coração aperta uma frase A psicologia nasce sem Catarse Gregos, Romanos e Troianos A abraçarem Políticos. Apocalíptico saber Que me tenta conhecer. César Augusto A preparar as castanhas para o magusto. Brindam loucos, Como se fossem poetas: Morre Kadhafi, aplaudem os turcos. Cantam palavras, Como se fossem humanos: - O mundo está em crise. Economia libertina Que já levou tantos à guilhotina. Números sem ouro, Que não cobrem rasgos de louro. Reserva Federal a emitir notas As vacas a ficarem loucas, Os frangos com gripe Das aves que voam tortas. É a SIDA, É o apito de partida. É a televisão, É a Candidíase E a comichão. É a homeostase. Vem o Coelho a contar os Passos, O Paulo a fechar as Portas Os submarinos a entrar nas docas, Os cortes feitos aos soluços. Vem o Sousa, Jerónimo a foder o juízo, O Francisco a partir a Louça para fazer o jazigo. Chega o Jardim do João do cu Aberto E lá entra tudo, entram milhares de eu

O SISTEMA DE ENSINO É UMA BULA DE INDULGÊNCIA.

Juntos desenhamos o mundo: estamos com Platão, Ofélia, Antero de Quental, Mário Cesariny. Juntos somos a Arca de Noé. Conservamos experiências, contemplamos mundos claros e obscuros. De noite vivemos para abraçar poesia e criar, porque chegamos à conclusão que a experiência vale mais que a vida. Juntos somos droga na ânsia de ser consumida. Vejo-te abraçar os louros da tua coroa. Para dizeres ao mundo tudo o que sempre quiseste, mas nunca te deixaram dizer. Para mostrares ao mundo que vives sobre a égide da ideologia Francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Acordas Danton e Robespierre, Girondinos e Montanheses, tiras o Louis, o Rei XVI, da forca. Levantas a Marie Antoinette, dás-lhe uma vida e ela segue-a sem se aperceber, é uma percepção nossa e representa-a na perfeição. Tu, escritor de nome, vais ser um dos maiores poeta do século XXI ao me lado. Teremos o nosso amparo, juntos. Não vivemos em Esquizofrenias que contemplamos ou tentamos desambiguar para ser qualquer coi

Hoje apetece-me foder contigo, Eva.

Desaperta-me os botões com a boca. Voltas atrás, decides começar por me despir a camisa, com a fúria rasgas-me os botões, puxas-me o cabelo. Acalmas-te: lambes-me o mamilo, começas lentamente, arrancas-me as calças. Chegas a mim e depois de me lamberes o corpo todo, fazes-me um broche. Eu não aguento mais, quero que pares para não me vir. Tu insistes em continuar. Apetece-me espetar-te contra a parede. Encosto-te contra a parede, estás ofegante. Eva, chamo pelo teu nome. Hoje escolheste tratar-me por Miguel. Berras para que te espete com força. Esqueço-me do preservativo. E rezo para que o processo de gestação acelere, que o filho seja feito e nasça exactamente naquele momento. Eva, és linda. As tuas curvas. Eva, quero foder contigo. Eva, hoje estou desejoso por foder contigo. Eva, quero mesmo foder-te. Hoje fazer amor não está comigo. Quero desfazer-te contra a parede, lisonjear o carnal. Rebentar-te as entranhas, até que chegues ao clímax. Apetece-me foder-te até ao fim. Apetece-

Espelho.

Distância de um pensamento, de um passo que não vou dar para te poder admirar à distância. Olho-me em ti. Todas as minhas imperfeições são perfeitas em ti. Uma semente que se tornou flor para nunca morrer. Aceitar o destino. Sou verdadeiro compulsivo. Entro num processo de convulsão. A combustão do que sinto. Olheiras a rasgar os olhos sem sono por querer dormir. Criar peças e verdades por ter dificuldade em viver mentiras. Nunca me conheci tão bem como tu me conheces a mim. O legado de duas vidas por só poder ter uma. Coisas que não compreendo por as entender demasiado bem. Um pensamento. Abstracto. Duas metades imperfeitas que se contemplam ao ponto de encaixarem na perfeição. A minha personalidade fica-te tão bem. A minha camisa no teu corpo ganha outra vida. Os meus pecados cometidos por ti são uma dádiva. A perfeição. A beleza cansou de não poder ser mais que beleza. A fénix renasceu. As cinzas são ciclos de vitória. O pó. O pó foi um oposto ao que penso. O pó ergueu-se par

Acho que sinto a tua falta.

Não sei porquê, mas acho que sinto a tua falta. Talvez eu exista e tu não existas, ou tu existas e eu não exista. Sejamos ambos percepções um do outro, concepções demasiado imperfeitas para poderem estar conectadas. Ouvi a tua voz em palavras mudas. O silêncio da tua voz é magnífico. Brindemos. Eva, sorri, Não vais morrer. Do meu quarto vejo a lua. Está cheia. Estou carregado de livros e memórias. Memórias do que sou. Porque o que fui já foi. Eva, o sistema de ensino é demasiado chato, não achas? Quero dizer tanta coisa e não quero dizer nada. Estou a acabar o livro. A tua prenda que não é uma prenda tua. Abraço tantas causas e projectos que acabam por não passar disso, causas e projectos. Isso é bastante belo. O sonho é bonito enquanto sonho. Mas está na altura de concretizar o sonho. Ainda que deixe de ser sonho e passe à realidade. É tempo. A vida é bonita e tu és linda como ela. Simples. Tudo o que eu quero e não posso ter. Vem comigo ver o rio. O cigarro acabou. Deita-te e

Amadeus.

UM Lúcia fecha a porta. O João arregala os olhos e despe-a com a subtileza do olhar. É Inverno e a lareira está acesa. Do outro lado, a Marta pega nos Maias e começa a ler. Sente um asno profundo, é a sua primeira sensação ao tocar. Um livros com demasiados caracteres, uma mancha gráfica demasiado acentuada para um olhar ingénuo de dezassete anos. Pelo olhar descobre-se o mundo, pelo olhar cria-se o mundo. A Lúcia acabou de se deitar em cima do João. A cura na procura de um veneno perfeito, tornou-se impossível. A vontade de tocar foi mais forte. O perfume tinha demasiado sabor para poder estar ali. A penetração foi sagaz, o coito tornou-se o odor perfeito na troca de sensações únicas. O João adormeceu. A Lúcia cansou-se de tentar dormir e apoiou-se no parapeito da janela. Era mais uma insónia. Com os cabelos no ar, decide pôr um pé sobre o outro, de forma a manter o equilíbrio. Decide saltar. Caiu de um sétimo andar. DOIS Amadeus entra no carro. Caiu mais uma chamada

Dorme bem.

Do meu quarto vejo a lua e pego num esquadro. Vou brincar aos traçados geométricos. Ela está cheia, à minha frente vejo Afrodite, à esquerda está o Ícaro e aqui sentado ao meu lado está o Baco. Está calor e frio. Tenho sono. Vou dormir.

Jardim dos charros.

Ócio. Contemplar a beleza que percorre a faculdade, entre palavras amigáveis. À medida que as palavras correm e a viagem acelera, só me lembro de agradecer à faculdade por ter uns azulejos tão assustadores no meio de um jardim tão encantador. Amo-te, charro. Entro na orgia intelectual. E o movimento dos quadrados acelera e faz-me sentir que o meu inconsciente veio ao consciente para criar. Dois dias em beleza porque te amo. Mas, Ofélia... Eu vou ter com o Platão à biblioteca. Desculpa, mas eu, o teu "Persona", vou para a biblioteca ter com o Objecto da minha Paixão. Ofélia, porque me tratas por Persona? Se, "Persona era o nome da máscara que os actores do teatro grego usavam. Sua função era tanto dar ao actor a aparência que o papel exigia, quanto amplificar sua voz , permitindo que fosse bem ouvida pelos espectadores."   Ofélia, eu quero dormir com o Mario de Sá-Carneiro. Artista de circo, eu existo, eu não represento. Deambulo nas tuas entranhas minha qu