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A mostrar mensagens de novembro, 2011

A liberdade dum poeta.

Que as ruas se encham de poetas Poetas que trabalham E poetas sem ofício Porque há que fazer sacrifício! É indigno Um poeta ter que procurar emprego Seja flora intestinal ou brincadeira do destino Que o poeta saia ileso Há quem dite as leis Que para todos os bordéis Hajam papeis Para os magos e Reis Um poeta é poeta E não lhe é digno o desemprego Porque ouro não é dinheiro E se poesia não vale ouro, Jesus Cristo não foi Profeta Que todas as palavras façam greve Para que os humanos sintam de leve Que é grave. Um poeta só escreve Não é digno quererem Que o poeta suje as mãos Já sujas de tinta Enquanto uns dormem Venham para as ruas os poetas Porque é tempo de trabalhar Deixar as rimas Porque há contas a pagar Há que pagar casa E ter emprego Para comer na brasa E dormir em sossego Amigos são amigos E a amizade ainda não vale dinheiro Ainda que sorrisos Não me encham o mealheiro Eu prefiro ter um amigo A viver sozinho Faço pernas ao caminho E

Um cigarro de prata.

Um cigarro de prata caminhava na boca de um poeta. O poeta ao sair de casa dera de caras com o tédio e a alegria. O poeta caminhava sob a égide de um poema. Tinha oitenta e seis poemas para oferecer ao seu primeiro colo que por estranho que possa parecer viria a ser o último deste. O poeta abraçava a glória por não poder conhecer mais coisa nenhuma. Na primeira parte do dia, o poeta estava acordado para ver o dia nascer. Às sete da manhã deitava-se. Hora em que toda a gente acordava. A rotina nunca fora a sua melhor amiga. No caminho para casa, o poeta encontrara outro poeta e agora tinha companhia na sua poesia. Que por vezes se fundia de duas numa só. O cansaço abraçava o segundo poeta. O segundo poeta era mais impulsivo e louco que o primeiro. Dormia dois dias e passava um inteiro acordado. Não sei se por ser louco ou para fazer render o tempo. Era também narcisista, pensava em si a toda a hora e via-se em todo o lado. Muito egocêntrico, mas feliz assim. O primeiro poeta dormia cinc

Eu sou a actualidade.

A geração de 1970/1980 é a contemporaneidade, se eles o são, eu sou actualidade. Porque os meus textos, fruto do meu narcisismo, haverão de ter cem anos de solidão e continuar a ser actuais. Morram os poetas, morram os estetas, morram todos que eu sou a actualidade! Eu sou a actualidade. Eu sou actual. Não tenho nada para dizer Só que sou actual. Sou actual e é tudo.

Os palhaços estão em greve.

O circo fechou porque os palhaços fizeram greve O palhaço sentia-se mais leve, Não tinha que carregar o trapézio Do trapezista José Régio A Paloma não tinha que guardar os Leões Do domador Luís de Camões Os Elefantes não tinham que se exibir Porque os circenses decidiram fugir Os poetas apreciaram o circo Do dia vinte e cinco de Novembro Não havia greve de que me lembro O palhaço roubou o arco No Arco do Triunfo Brincavam às revoluções As pessoas eram vulcões Como um tufo Os palhaços fizeram greve E o circo fechou-se Não havia salário O povo proletário Empobreceu e não havia animação Para apresentar no S.João Acabou o dia e a greve de palavras Continuou a fazer-se pelo silêncio As pessoas não conseguiam comunicar A greve acabou.

Palavras surdas.

Dois corpos comunicam em convexo. Um aglomerado de pessoas que se julga Qualquer coisa Ainda que inerte E isso remeta Para substâncias Psicotrópicas Contrariam-se as leis do absurdo Porque as da física já foram todas contrariadas Vão palavras em ventos Secos De qualquer coisa além de mim Poesia que nasce em ciclo De pensamentos Que nunca cheguei a pensar.

O infinito é uma fonte que também seca.

A amargura é iluminada Pelas palavras do Futuro Um porto que parece seguro Até cessar sobre a calçada O Infinito é um verso Esteticamente perverso Que arranha das entranhas De todas as façanhas Para dizer em coro Que as palavras são uma fonte Que também pode secar Onde há namoro Há quem olhe de fronte E quem fique a olhar O infinito é uma glória De vozes embalsamadas Por partituras duma fantasia Em chamas. O infinito engole-me Pela garganta E pede-me para grite o teu nome.

Amor voraz.

Silêncio. As janelas do pensamento fecharam-se. Um poema é cantado de forma épica As leis das estética São nostalgia profética Em amores sem fim Que têm fim  à vista, para mim. Cadência passageira Da intensidade da luminosidade Sentar-se à frente da lareira Com sede de curiosidade Amores sem fim. Voraz é a fome Que escreve o teu nome Sobre o meu E me diz ateu Quando sou crente Em ti, meu amante Amores intensos, Rápidos E delicados Sobre palavras Da tua boca Ditas pelo silêncio da minha.

O João.

Cena I O João senta-se no sofá com um cigarro na mão. -Bom dia Maria! A Maria a mexer no cabelo. Com unhas pintadas de vermelho. -Olá meu amor! Olham um para o outro e beijam-se. -Amo-te muito! - diz o João enquanto toca nos cabelos da Maria - És linda! Quero-te para sempre -Meu amor és a melhor coisa da minha vida - grita a Maria, enquanto se dirige para a porta. Quando se dirige para a porta, derruba um jarro que tinha três rosas e parte-se em cacos. Maria corta os pés sem querer. O João desata a correr para a beira da Maria. -Meu amor! Meu amor! Estás bem? -Não. - responde Maria aos soluços - Achas que tenho que ir ao hospital? -É melhor. Quero-te bem! O João pega na Maria ao colo e dirige-se para o carro e dirigem-se para o hospital. (Saem os dois de cena) Cena II Entra o Joel a correr pela sala! A ver se a Rita ainda lá está! Cruza-se com ela. Dá-lhe um abraço. E diz: -Estou a morrer de saudades tuas! -Eu também Joel - responde Rita, com um sorriso - Ao tempo!

A verdade é um capítulo em branco

Caminhar no vácuo deixado pelo inferno Está calor no meu inverno A realidade contempla as asas do meu caderno Em branco Baco brinda às prostitutas Eu brindo às putas Das minhas janelas Que estão fechadas Ouço o vento, Ouço o meu alento Em frases soltas Da minha cabeça A mulher fez-se homem ao sétimo dia Dias passam como comboio para viagens ambulantes O descrédito ao que sou A descrença no local para onde vou Atar mentiras aos desejos Às verdades Um caminho rectilíneo Igual, Estanque Um livro da minha estante A cair para o poder ler Sai Um amor Uma passagem Um desejo Uma descrença Uma amizade Passam dois dias em prosa Porque a poesia se cansou O homem fechou a porta E logo alucinou Foi para o quarto masturbar-se A ouvir os gemidos vindos Do quarto da irmã Que fodia com o patrão Do Pai. Apocalipse num só dia Porque ao terceiro faz-se magia Entra uma porta nas docas Porque os barcos ficaram em casa Do meu Pai Que não acredita em magia Nem tem patrão Na minha farmácia só entram sapos E P

Descarga eléctrica.

Odeio-te Amo-te Odeio-te Amo-te Odeio-te Amo-te "Amo-te tanto meu amor, és lindo." És um poema És um poema sem verdade És um poema sem virtude Queres o que não tens Tens o que não queres. "Tenho saudades tuas. Amo-te" Passam as horas ao lado do relógio Na ânsia das tua palavras que o tempo não contempla Sobre gestos que se esperam e não se tem Atitudes que se esperam pela tua presença O que és para mim? Mudar o mundo para me encaixar melhor nele. Ódio a contemplar os céus Por não poder despir todos os véus Vou à lua para espalhar magia Rasgos de poesia Para sorrir Para vir De poemas De poesia De alegria "Quero-te sempre." Viver num mundo isolado pela presença de outros Para além de mim. Outros que contemplam inverdades Irrealidades Que não a minha Desejos ardentes no suco dos teus lábios À espera dalguns que não os meus Os teus. Quais teus? Os meus! Quais meus? Quais então? Só sei que nada sei E que o meu tempo Não é o meu tempo Que os meus di

Eu mesmo.

Eu mesmo no meu espelho. São três da manhã e só tenho raiva De mim, por mim, para mim. Amar como quem ama a poesia Vazio, vago, ilimitado Negar o prazer Negar a visão. Iludir o vago. Iludir o vazio Iludir o ilimitado Raiva! Raiva! Raiva! Amar a ilusão. Amar o vago. Amar o ilimitado. Próximo passo, Próximo dia Sem magia Sem limite Sem amor Sem poesia Fugir. Seguir. Correr. Espero as tuas palavras Que nunca cheguei a ler. Sabores da tua boca Na minha, Que é tua. Na minha que é tua. Raiva. Esperar, Não ter.

Limite

A linha que cruza o Tédio É irmã da Tia Carminda A Tia Carminda faz bolos E bebe vinho Hoje é natal Abram as latas E batam nos burros É Natal! O Pai chamou o filho O filho cantou para o Pai É Natal E a Dona Carminda come bolo É Janeiro Eu monto o cavaleiro É Inverno Eu queimo o meu caderno É Natal É Portugal É bem e mal É Natal! Escrevam em actas Comam batatas Virem as páginas Rompam aos saltos E aos pinotes Que eu quero por força ir de burro E a um burro nada se recusa! É Natal!

Contra-tempos.

Contratempos. a lógica é lógica porque não podia ser outra coisa a filosofia é filosofia porque os gregos são gregos a história é história a medicina é medicina a psicologia é psicologia a sociologia é sociologia Morra o Pitágoras Morra o  Dantas Morra o Platão Morra o Saramago Morra o Descartes Que eu estou farto de morrer por eles Hoje quero viver Hoje só quero viver A vizinha da frente tem umas peúgas amarelas As minhas cuecas são azuis Ficavam bem com peúgas amarelas Viva Portugal! Viva que ninguém nos leva a mal! É poesia! É arte! É Pop! É rock! É Bernardo Soares: "Todo o prazer é um vício, porque buscar o prazer é o que todos fazem na vida, e o único vício negro é fazer o que toda a gente faz." Não sou poeta Sou obstetra Não escrevo nem leio Escrevo-me e leio-me É tudo.

Roubar ideias é umar arte.

Hoje vou roubar uma ideia! Vou roubar uma ideia de Platão. A ver se ele me processa por plágio. Com sorte consigo ser processado por calúnia Ou difamação. Como os nossos advogados são fracos Só sou processado por "doses ilícitas de Amor" As palavras são vorazes, Mas eu não sei o que é que isso quer dizer. Talvez a vizinha da frente saiba. Gosto de sofrer por amor, Se for platónico então... É uma delicia. O humor é como um filme de Terror. Se roubar uma ideia de alguém morto Fico famoso e vou para os tribunais Dissuadir juízes O Advogado faltou às aulas de Retórica O Juiz é Juiz porque não tinha mais tempo Para ser outra coisa qualquer. Roubo uma ideia e vou vendê-la, Com sorte ainda ganho dinheiro Para cobrir as despesas do processo. Tenho saudades da Ofélia E de quando eu era Fernando Pessoa. Escrevia poesia e fechava-me no quarto Por ter medo de sair à Rua. Ia para o café com o Santa-Rita Pintor E bebia absinto. Eram vinte para as quatro e ia comprar tabaco À Ta

Congratular o Apocalipse.

Fechar os olhos e divagar, porque tudo o que começa tem necessariamente que ter um fim. Pensam os humanos. A existência parte do princípio de que para se existir, vai ter que deixar de se existir. As palavras preservam-me a eternidade e congratulam-me no Passado, Presente e Futuro. As palavras mordem-me os lábios num desejo de quem ama, de quem odeia, de quem vive. Ainda que eu exista, eu congratulo o fim. Porque o fim é sempre mais belo. É mais coerente. Bebo. Fecho e adormeço.

Poesia da discordância

As regras sociais fogem da regra As regras socias são uma generalização apressada Os estereótipos são falácias. A moda segue a moda A organização social é ilusória Mentiras. Mentiras. Mentiras. Crenças dúbias. Eu acredito em mim. Egocentrismo, finalmente.

Longevidade.

As palavras mordem-me os lábios, O desejo é atroz, O beijo é veloz A intensidade pede longevidade São trocadas emoções Sensações pedem para que dure Promessas na ânsia de não serem vãs São beijos nas tuas maçãs Um rasgo de prazer Sob a égide do teu beijo O odor do teu corpo A abraçar o meu Sobre palavras que eu podia dizer Sobre palavras que tenho guardadas Sobre cansaço que pede que fiques para sempre A lucidez amarga o meu ser. Se é que sou alguma coisa. Crença convalescente De que o Amor é desejo ardente Que o amor é evidente O teu corpo veste o nu Para tocar no meu já despido Tenho lido O teu rosto Tenho lido a tua alma. Acredito que a mancha vermelha Que marquei em ti, Seja um sinal de eternidade Quero longevidade E ser eterno em mim Já que em ti ficarei para sempre Só prendo as palavras porque não posso Dar-tas mais. Quero amar-te mais. Quero que estejas sempre aqui. Acredito em nós. Acredito, pois.

Olhar angelical

Freud sentou-se à mesa: Você não sabe nada - Exclamou Platão. Sócrates disse bem alto: Só sei que nada sei! O Descartes levanta-se e diz, Amigos, eu descobri! Eu penso, logo existo. Sócrates responde. Só sei que nada sei. Vem o António Damásio E exclama: Não basta pensares para existir, Tens que ser consciente da consciência Senta-se Agostinho da Silva E fuma um cigarro. Almada Negreiros olha em vão. Vergílio Ferreira reflecte sobre a sua existência. Sartre come com ele. Albert Camus vai para o café E abraça os amigos. Manuel Arouca chora em vão. Na mesa em frente está Fernando Pessoa A ver sentado a seu lado Mário de Sá-Carneiro Santa-Rita Pintor levanta-se e berra: SOMOS A ORPHEU. Manuel Arouca - mas o que importa sou eu. José Saramago diz: Avante Camarada. Os fantoches saem de cena E volto eu ao palco. Fantasias e brinquedos estão à minha volta Eu dou beijos às palavras e fantasio Com as frases. Sento-me sozinho e deambulo nos meus pensamentos Sento-me e e

A infância outra vez.

Mãos dadas, Olhar de respeito. Ele procura uma mãe, Ela procura um pai, Dizem-lhe que é o Complexo de Édipo, Dizem-lhe que é o Complexo de Electra. Ele olha para ela à espera que ela lhe dê as mãos, Ela olha para ele à espera que ele pegue nela. Ela procura segurança, Ele procura amor. Dão as mãos: Ele convida-a a sentar no baloiço Ela senta-se e olha para ele Ele empurra o baloiço com cuidado No movimento para cima e para baixo, Ela sorri muito. Ele repara em como o baloiço representa o humor Quando em cima, os momentos altos; Quando em baixo, os momentos baixo. Ela ri e corre para os braços dele. Ele chora sem que ela veja, para poder ser o Pai. Ela sorri. Ele chora e volta a chorar. Pudesse eu amar como uma criança, Pudesse eu ser ingénuo Pudesse eu amar como um cego, Pudesse eu amar sem ouvir. O ciúme é amor. A presença é dor. Têm treze anos outra vez. São jovens de novo. Choram como quem ri E riem como quem chora. É amor? É amor! Amam apenas. Sinto o vento.

O homem vivo que estava morto

Morto de mim. Morto de ti. Apagaram as luzes e as velas acenderam Para orar. Rezava eu, ele, Rezávamos nós. Andava de braços dados consigo mesmo, Não sentia, Era indiferente ao mundo, Não pensava. Estava morto. Estava morto há dois anos. Não sabia o que era amar. Não sabia o que era errar. Não sabia nada mais. Rezava ele: Pai nosso que estais no céu.... E um anjo gritou-lhe ao ouvido; Pára! Vive! Tens que viver! A vida é tua e é linda Deixa os conceitos e vive! O tempo passou... A gnoseologia apagou-se E cessou o olhar dos desconhecidos. Cessou o tempo porque não penso E nada parou para pensar. Eu sou eu E somente eu. Reza, Porque eu não sei nada Acredita, Porque eu acho que não sei nada. Finge, Porque eu sei que não sei  nada. Haverá alguma coisa que eu possa dizer? Se houvesse realmente alguma Já a haveria dito Dir-me-às o que dizer Ou saber Fingirei Porque te amo Fingirei Porque não te posso possuir O homem vivo estava morto. Eu morri apenas, Porq

O vício da dor.

Dói na primeira pessoa. Vou refugiar-me sozinho. Tenho saudades Tenho ciúmes Tenho dor Tenho amor Tenho dor E dói Dói muito Dói porque te amo Dói porque te amo Dói muito no peito Dói muito porque tu não compreendes Que eu te amo E amar-te é sentir as coisas assim Só queria que conseguisses compreender. Que me amasses a mim. Dói muito. Vou fechar-me no quarto. Dói muito. Dói muito! Não quero mais isto.
Hoje sou tulipas, Sou absinto, Sou labirinto Sou ópio. Sou eu próprio! Ser ou não ser, eis a questão Não sei se cão Se outra coisa qualquer Se homem, se mulher Se Deus, se Lúcifer Sou eu e eu apenas. O eu cansou-se de ser outro. Outrora Reis e rainhas, Agora proletariado e amores sem fim Porque não sei se para mim Chega a existir alguma coisa Que não seja coisa nenhuma Quantas coisas são alguma Percepção e realidade Mentira e verdade Eu minto. Minto.

As lágrimas não me escorrem pela cara.

As lágrimas não me escorrem pela cara, Choro por dentro. Não sei o porquê de chorar Mas hoje choro Só choro porque choro Choro e choro e choro Pensamento oblíquo De quem não pensa em nada Emoções são só emoções E no meio disto eu não sou nada Apenas tentei ser qualquer coisa Na verdade não cheguei a ser. Amo porque amar é doença E eu sou louco. Sou louco porque a lucidez cansa Cansa, cansa, cansa! Estou em mim porque não posso estar em ti. Estou aqui a pensar e a sentir coisas Que não sei descrever Se são ciúmes vou fugir para o egocentrismo E vou amar-me apenas a mim Porque Amo, amo, amo, amo, amo, amo. Amo-me a mim. Amo-me a mim. Amo-me a mim. Apologia do mentir Minto, minto, minto. Hoje sai de mim, para estar de fora A contemplar-me.

"O Teu Poema"

Eram três da madrugada e a biblioteca que outrora era fruto de Adão e Eva Haveria sido substituída por bancos cómodos com computadores sem livros. Lia-te e lias-me de forma doce. As passagens que te conto em trabalhos meus que nos fazemos São virtudes incansáveis. Porque o nos trazes a este lago. A este mar de prazeres e luxúria Onde vinho tinto escorre pelas nossas suaves bocas. Cigarros são trocados e consumidos apocalipticamente Palavras que não existem são consumidas e atadas aos cálices servidos. Brindemos, Brindemos porque hoje somos nós um. Nenhumas palavras preencheria qualquer da nossa cumplicidade. Morre Dalila, vive a Emília. Os poetas cruzavam o Tejo, cruzavam o Douro E a poesia escorria de forma suave. Onde somos teu. Teu porque seremos únicos. A realidade e dissonâncias cognitivas Assim como dilemas existências Estavam de lado no nosso caminho Porque o nosso valor está no que somos Enquanto esperamos uma suave aprovação de quem nos lê. Poesia

O Platão deixou o sexo tântrico.

O Platão despiu-a. Vestiu-lhe o nu. Escreveu-lhe cartas para as quais não obteve resposta, achou-se Platão, perdeu-se o sexo tântrico.O Platão sentiu ciúmes, o Platão ficou obsessivo e chorou sem lágrimas. A vida avança, nesta balança sem peso nem medida. Onde palavras são secas pela sede. Platão nunca pensou poder apaixonar-se assim. Platão obsessivo compulsivo. Platão assexuado. Chorou. Lágrimas. Tédio. Chorou em seco. A dor corrompe-lhe o coração porque a terceira pessoa devia estar a escrever na primeira. Platão cansei-me de escrever-te na terceira pessoa. Estou perdida de amores por ti. Nesta fusão de alma que temos em nós. Platão isto que sinto por ti é só desejo sexual. Platão, eu sou Platão. Platão ambos queremos que isto dure para sempre. Platão podias acreditar por mim. Hoje tenho medo do escuro e sou uma criança de sete anos. Platão hoje estou frágil. Platão isto que digo não significa coisa alguma. Estou cansada de tudo isto. Estou cansada de não te poder beijar e ser p

O problema de saber tudo está na dimensão.

Prever o momento a seguir porque humanos funcionam como peças de encaixe perfeito. Saber tudo é um problema. Saber o que o outro está a pensar e a sentir, saber o que vai acontecer a seguir, sem tentar antecipar o acontecimento. Apesar de saber tudo, respeitar o mundo e o ritmo dele, com uma certa indiferença. A plenitude está na indiferença. A postura rotula a percentagem de felicidade. Quando se sabe mais que o suposto não se deve mostrar porque assusta. Saber que a namorada do Afonso o trai, só por olhar para ela. Saber que o teu Pai vai às prostitutas. Saber que a tua namorada diz-se fiel e te anda a trair com o padeiro. Saber que o teu médico te receita anti-depressivos e está a passar por uma depressão. Saber que o juiz tirou a pena ao criminoso porque faz amor com a prostituta. Saber que o presidente da junta de freguesia trafica cocaína. Saber que o teu psiquiatra é viciado em cocaína. Saber que a tua mãe acabou de abrir as pernas na secretária do patrão. Saber que o teu irmã

Tempestade poética.

Sensacionismo bucólico, Futurismo Falta dele. Futurismo. Poesia. Poesia. Chuva. Chuva. Está a chover no meu quintal. O meu mundo tem paredes. O meu mundo é surreal. Bim bim. Bum bum pau. Pum pum pim pim Zááááááááááááás. O mundo é controverso. Eu escrevo em verso. O mundo é dicção. P-O-R-T-U-G-A-L. O Poema é uma tempestade. Um poema é ciúme. O poema é realista, Um poema é neo-realista, Um poema é fantástico. Um poema é merda nenhuma. Bum bum bum bum pau. Bum bum bum bum bum bum pau. Pim pim pim pim Não me fodas a cabeça a mim. Pum pum pau. O bocage era um calhau. Záaáááás. Zááááááááááás!!!! Záááááááááááááááááááááás! BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM Que se foda a Orpheu. Que se foda o Caralho do Bartolomeu. Que se foda a puta que o pareu Porque a que o pariu Fugiu Comigo, Meu amigo. Meu caro Watson, elementar: Eu estou com vontade de cagar. A poesia é foda,

O Amor é Poesia.

Amar como quem ama o vento, Amar como quem ama a tempestade, Amar como quem ama a velha idade, Amar como quem ama um rebento. O amor é um conceito artístico, O amor move a arte, vontades; O amor é um jogo de interesses: Não dos que eu tenho, Dos que eu gostava que tivesses. O amor é acomodar-se à conceptualização Dele mesmo; Para assim mover montanhas. O amor pode ser beijar como pessoas estranhas, Pode ser sensação, emoção, Ou falta delas. Há em mim uma tempestade poética: Que cruza a linha do absurdo com a ética. Construo um poema sem estética, É a emoção pragmática. Circulos convexos, Como universos disconexos Sobre uma utopia do eu, Não do meu, do teu. Palavras tempestuosas Que desconstróiem a acção, Que mostram a liberdade. O livre-arbítrio não existe, Com ou sem Erasmo de Roterdão. É uma questão De conceitos. A liberdade, se existe, Não se faz de conceitos. Eu penso um poema, Eu penso uma pessoa, Eu construo o mundo. Eu escrevo o mundo. A imagem é a semelhança de Deu

Poesia do três.

São três horas, Tenho três casas Cada uma tem três quartos. O meu triângulo tem três pontas Estou a ler três livros. O vazio é contemplativo, Porque na realidade eu não quero dizer nada. Se eu pensasse em dizer alguma coisa, Certamente não chegaria a dizer coisa nenhuma. Já pensei em muitas coisas, Mas nenhuma delas foi efectivamente pensada. A melancolia é solitária como as bichas. Batem de leve na minha porta, Porque eu estou a dormir e têm medo que acorde. São duas dúzias de pensamentos, Porque o resto no mercado não se vende. Eu não sei o que digo, porque nunca pensei muito em tentar dizer alguma coisa. O Eurico beija-flores, eu beijo a mulheres. Mas se o Fernando for Pessoa, eu sou gente. Eu tenho calor. E se o Mario sabe a Carneiro, eu prefiro comer a Ophélia. As putas e o vinho verde, porque o vermelho está caro. Todas as mulheres são putas menos a minha, Toda a alma tem prisão de ventre, menos a minha. Todo o tédio tem uma luz, menos o do Fernando Pessoa. T