Poesia do três.

São três horas,
Tenho três casas
Cada uma tem três quartos.

O meu triângulo tem três pontas
Estou a ler três livros.

O vazio é contemplativo,
Porque na realidade eu não quero dizer nada.

Se eu pensasse em dizer alguma coisa,
Certamente não chegaria a dizer coisa nenhuma.

Já pensei em muitas coisas,
Mas nenhuma delas foi efectivamente pensada.

A melancolia é solitária como as bichas.
Batem de leve na minha porta,
Porque eu estou a dormir e têm medo que acorde.
São duas dúzias de pensamentos,
Porque o resto no mercado não se vende.


Eu não sei o que digo, porque nunca pensei muito em tentar dizer alguma coisa.
O Eurico beija-flores, eu beijo a mulheres.
Mas se o Fernando for Pessoa, eu sou gente. Eu tenho calor.
E se o Mario sabe a Carneiro, eu prefiro comer a Ophélia.

As putas e o vinho verde, porque o vermelho está caro.
Todas as mulheres são putas menos a minha,
Toda a alma tem prisão de ventre, menos a minha.
Todo o tédio tem uma luz, menos o do Fernando Pessoa.

Todo o Wilde tem um Oscar,
Todo o Socrates é imoral.
Todo o racionício é inválido.

E toda a loucura é sagaz.

Jogam as palavras na minha casa.
Jogam as palavras na minha casa.
Jogam as palavras na minha casa, porque a do vizinho está ocupada.

A piada não tem piada,
A piada não tem piada.


Eu não tenho piada,
Eu não quero ter piada.
Eu quero-me rir,
Eu tenho sono.
Eu tenho sono.
Eu sou louco.
Porquê? Porque sou louco.


Eu durmo. Eu durmo. Eu já dormi.



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