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Reset

Começar de novo. Tentarei.

O Engenho

Philip R. estava convicto em reunir esforços para provar a sua teoria. O plano era cria uma máquina que fosse capaz de detectar a verdade. Ele acreditava que as pessoas nunca diziam a verdade e estava disposto a comprová-lo, mesmo sabendo que a verdade é um campo em aberto e que uma verdade também pode ser uma mentira.

Sobre a realidade.

A paranóia recorrente difunde qualquer registo que possa ser considerado real ou próximo disso. Entre reconhecer a realidade e conseguir viver nela vai uma grande distância. Os pensamentos são complicados A realidade é um extracto de sódio Se fosse um frasco de potássio, bebia-a. Há uma vasta diferença Entre compreender a realidade E distingui-la da criação Vozes chamam-me E distorcem o caminho Ainda que as vozes sejam fáceis De reconhecer É difícil afastá-las Ou ignorá-las Elas chamam-nos de novo Os pensamentos sobrepostos Os pensamentos multiplicados Com vozes que falam todas ao mesmo tempo A realidade é um pedaço quebrado E que a pense quem pode A viva quem consegue. Há determinadas coisas que só conseguimos Compreender, se as vivermos Há muitas coisas que nos parecem distantes Do palpável porque nunca as vivemos Nalgumas cabeças Poderíamos distinguir Realidade de Paranóia As vozes parecem chamamentos As vozes. As vozes não são a realidade perc

Rotina

A criação é hiperbolicamente uma doença que os meus olhos transportam. Escrever sobre o amor é uma doença congénita, escrever sobre qualquer coisa é uma tortura, uma agradável dor. As horas passam, o relógio está do avesso, o dia anda ao contrário, a rotina desrespeita a rotina, a hora de dormir é a hora que, outrora, seria a de acordar, a hora de acordar é a hora que supostamente deveria ser a d e lanchar. O relógio está do avesso, os ponteiros não andam ao contrário, simplesmente não respeitam o normal andamento das coisas. Poderia assumir, de forma incontrolada, que esta é também uma rotina e que dizer que quem o faz não segue uma rotina, é um atentado à palavra rotina, uma vez que, a pessoa apenas está a seguir uma rotina diferente e a desrespeitar a rotina comum. A normalidade das coisas é um atentado à própria palavra. Creio não haver palavra mais ambígua que normalidade. A normalidade pode ser fazer as coisas bem feitas estando fora da regra, o que a psicologia

Tempo

As margens foram passadas por todos os transeuntes, as fadas voaram tão longe como o solilóquio. As passagens intempestivas são tempestades de quem passa fome, de quem sabe que as palavras estão esfomeadas. Voam bem longe os loucos, voam bem alto os desertos que se descobrem em palavras vãs. De quem vai sugando os antecessores para alcançar a balança mesmo antes de chegar a pisar o primeiro degrau. De quem sabe bem que vai pisar o primeiro degrau. Voam bem longe os loucos, beijam bem perto os desertos. Nos lábios carnudos, nos lábios cinzentos de quem dizes que o tempo é um pretexto. O tempo sou eu e és tu.

Eu

Não é preciso ser muito inteligente para se dizer o que quer que seja. É simplesmente útil ser-se ignorante. Porque para quem sabe e sofre, nada precisará de saber, haverá somente de se continuar a sentir inútil e sozinho porque sabe, sabe que nada sabe. Nem sempre quem diz alguma coisa, atrai multidões pela sua capacidade de persuasão, sabe efetivamente alguma coisa. Admiro solenemente quem sabe alguma coisa, pois eu ainda estou à procura das que sei. Não tenho completa nem incompleta certeza nenhuma, reservo-me somente todas as incertezas do mundo. Se tiver que ser ignorante, que o seja, pois não vou querer saber nada. Posso até cair no ridículo de mim mesmo, de escrever de forma rude e calão, de parecer abraçar movimentos vanguardistas mas eu serei sempre uma indefinição que parece, por vezes, fácil de definir. Gosto de ouvir os outros a falar, porque os construo e construí-los é escutá-los. Posso ouvi-los, senti-los, tocá-los, virar o odor de todos eles como páginas gastas da