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És tudo para mim.

Acordei. Pego no computador. Ligo-te. Digo-te: Amo-Te. Está a chover. Dá-me a mão, vamos rasgar a rua juntos. Vamos a Marte do meu quarto. Quando eu nasci eu descobri a lua por poder ver a tua, sabia que te amava sem nunca o ter sabido. Descobri um dia e depois outro. Nunca cheguei a dizer nada e ia dizendo tudo. As grandes reflexões deixei-as para os filósofos. Viver contigo é simples: Acordo, deito-me e masco uma pastilha elástica, quando está sem sabor, deito-a ao lixo. É isto o nosso amor. É Novembro e do meu quarto eu vejo o sol. Simulo uma farsa absoluta e finjo gostar de todas as pessoas para que elas não me venha chatear, as pessoas só gostam de quem não gosta delas. Meu amor, as pessoas são arrogantes. Meu amor, quero amar-te mais. Meu amor, estou farto de pessoas. Meu amor, eu vejo tudo do meu quarto. Meu amor, eu estou farto de Fernando Pessoa. Meu amor, comprei oito livros de Gonçalo M. Tavares. Meu amor és quem eu quero. Depois de jantar, levantei-me e adormeci. Dei por

Descobri que te amo.

Estavas sentada no banco em frente ao tribunal, sozinha. Estavas a chorar. Tomei a liberdade de me sentar ao teu lado, deixei-te chorar tudo. Quando te cansaste, limpei-te as lágrimas, puxei-te o cabelo para trás. Peguei no lenço de papel, limpei-te o borratado que tinhas nos olhos. Não te fiz perguntas. Não falei. Ouvi-te apenas.  Estavas mal porque o teu ex te tinha trocado.  Fui contigo à loja da frente, comprei-te uma flor de papel. E disse-te: Não quero que isto morra como amor, por isso dou-te uma flor de papel para que dure para sempre. Olhei pela janela, o teu ex passou na rua da frente. Atiraste a flor para o chão, saíste da loja a correr e abraçaste-te a ele a chorar e a pedir-lhe para que ficasse contigo. Ele virou-te costas e tu foste embora. Voltaste para trás, agarraste-te a mim a chorar e pediste-me desculpa por teres saído assim e disseste que não conseguias evitar. Eu ouvi-te e não disse nada. Sabia que a obsessão demorar a passar e que não há amor como o primei

Como matar alguém:

Deixar o corpo rolar sobre a valeta e ir embora, começa assim. Decidir ligar para o diabo, perguntar-lhe se está bom e pedir-lhe ajuda. Depois de lhe ligar, esperar uns segundos. E está-se pronto. Imaginei o mundo e matei-te naquele momento por não ser capaz de te amar nem mais um segundo. O amor é coisa de poetas, pensei eu. Senti-me um imbecil por ser capaz de amar tanto em tão pouco tempo, cedo me apercebi que isso só acontecia porque sempre te quis matar. Imaginei contigo como seria morrer com os meus pulsos cortados sobre os teus, como seria espetar a mesma faca em mim e em ti e esperar a morte. Uma espécie de suicídio colectivo em que a morte é a mais bela forma de amar e jurar-te a eternidade. As minhas facas são os teus olhos, eles cortam-me aos pedaços e entregam-me no talho duas horas depois para ser comercializado. Eu mato-te todos os dias e dissolvo-te em poesia que é servida uns meses depois em livros que as pessoas usam para se distrair. Quando te conheci fiz um

Cocaína mental

Rasgaram-me as insónias, roubaram-lhe o Sépia, deram-lhe cor. Pensei numa maneira de não dizer nada, usando todas as palavras do mundo. Caminhei no Cais, abri a porta do Paraíso, cumprimentei Gabriel, beijei São Miguel Arcanjo e convidei-os para irem comigo visitar o Inferno, aquilo andava muito parado por lá. Ofereceram-me as asas. Caminhei e achei estranho, quando acordei, serem dez da manhã. E disse para mim mesmo: Isto não é normal, tu estás a acordar doze horas mais cedo que o habitual. O que se passa contigo? E ao fim de uma hora de pensamento descobri que me roubaram as insónias, já pensei em ir à polícia judiciária. Um crime destes é uma atrocidade! Ninguém rouba as insónias de ninguém, muito menos desta forma. Quando cheguei à beira do oficial da justiça, disse-lhe: Senhor, queira desculpar-me... mas eu não aguento! Roubaram-me as insónias e que criativas elas eram. Dei um passeio pelo vale das gramas e encontrei 21 gramas de cocaína, no dia 21 de Dezembro de

Carta de suicídio.

Secaram-me as lágrimas . Sofro sem dor, as pupilas estão dilatadas pela vontade de chorar lágrimas secas. Outra vez secas ! Que este seja o último dia de lágrimas secas. Dói-me o sangue.   Mutilação . Coração . Corre em mim uma falta de tudo, uma falta de vontade de escrever, falta de vontade de dizer, falta de vontade de dormir, falta de vontade de estar, falta de vontade de viver, falta de vontade de existir. (Dói-me a alma, sinto-a pesada hoje. Entrego-me à depressão. Entrego-me à saudade, à vontade.) Eu só pedi para que tudo pudesse ser como eu sempre imaginei. Uma sequência de imagens belas, num centralismo puro. Ser criança outra vez, estar num sítio habitado só por mim, sem fantasmas, sem dor, sem amor, sem rancor, sem saudade, sem idade. Ver o mundo só com os meus olhos, sem visões nem sentimentos, nem cultura. Quem me dera poder viver outra vez, nascer dentro de mim, acordar e ser eu mesmo uma outra coisa que eu não sei bem. Acreditar que sou porque sou alg

Pensamentos dispersos.

O que falta ao mundo. 10 de Dezembro de 2011 Bom dia, Nunca fui muito bom a pensar sobre o que quer que seja. Sou, por natureza, inconformista. Dou-me a liberdade de expor uma grande parte dos meus pensamentos, ainda que o faça de forma dispersa e sem exagerar na fundamentação. Começo por onde? Instituições de ensino, médicas ou sociais? Vou começar pelas instituições de ensino. Já pensaram na forma como o ensino não o é? Os professores, seja em que grau de ensino for, limitam-se a ensinar o que sabem e como é óbvio não o fazem da forma mais adequada, deviam ensinar, em primeiro lugar, como se aprende e a não aceitar o que eles ensinam. Há diversas formas de ver o mesmo tema e não há verdades absolutas no conhecimento, isto porque foi criado e transmitido por humanos. Mas fica bem aceitar e ser cordeiro neste rebanho, ao qual eu não me conformo. Quanto às instituições médicas, os médicos uma grande parte das vezes tentam arranjar doenças onde elas não existem, só por

Eu.

Eu sou só eu sem nunca ter sido eu, sendo apenas eu Nunca fui eu, o meu eu sempre foi eu E nunca foi o meu Eu sou coisa nenhuma Eu sou coisa alguma Eu sou eu.

Organigrama das emoções.

 Que todos os sonhos sejam assim. 8 de Dezembro de 2011 Bom dia Ana, Estás a acordar e eu adormeço, estás a adormecer na hora em que me levanto. Hoje sonhei contigo, o meu corpo pediu chocolate pela minha manhã que se começava a fazer às dez da madrugada. Sonhei que estava contigo num dos meus sítios de conforto, que te agarrei na cara e te beijei com tremenda intensidade que ainda acordado sinto o coração bombear plenitude. Sonhei que no lançamento do meu livro não estava quase ninguém, que fiz o lançamento para cerca de dez pessoas. Sinceramente, pouco me interessa. Só quero saber de ti. Neste momento vou escrever neste registo e iniciar um novo livro. Não quero saber de loucura nem de psicologia, não quero saber de micro expressões nem de Programação Neurolinguística . Quero saber se o teu dia correu bem. Quero que os livros da minha mesinha de cabeceira vão para o inferno. Quero que o meu caderno se encha de poemas ao estilo de John Keats num amor reservado ao infin

Sou uma parte tua porque te amo.

O surrealismo dá forma ao pensamento!  7 de Dezembro de 2011 Bom dia Amélie,   São precisos dois momentos para exprimir um coração-dinamite: 1. a emoção; 2. a catarse. Emocionar os olhos com o coração, sentindo o toque ao de leve na brisa de um cabelo solto ao vento; libertar o que se sente para se poder voltar a sentir de novo. Eu só pedia que um dia pudesse ser dois, viver dos confins da minha memória e realizar profecias, nunca pedi nada a não ser que o meu coração pudesse não ser dinamite. Nunca acreditei em nada, nunca li coisa nenhuma, nunca me quis exprimir como poeta nenhum. Nunca quis ser fatalista ou depressivo, nunca quis fugir. Só sei que te amo. Mas não sei porque te amo. Sei que me quero só a mim. E que prefiro a solidão do meu quarto à companhia do teu. Sempre quis ser Lewis Carroll para poder viajar no País das maravilhas alucinado, apaixonado e vivo. Sou apenas eu. A vida é um cigarro pousado no cinzeiro e que é consumido pelo ar. A combustão da vida é feita

Tenho fome de palavras.

Um poema vagueia no horizonte Ainda distante Mostra-se relevante Pelo tempo que esteve ausente As palavras contemplam a idade Do absurdo que eu vi no centro da cidade Dois dias passam como se só tivesse vivido um Algum do tempo que sonhei e nunca vi Estive perdido  no cais, à porta do inferno Acreditei no mundo E fugi para as páginas do meu caderno Onde todo o dia é vivido ao segundo.

Dói-me as entranhas do pensamento.

Todos os títulos de um poema são um poema, Um poema vence pelo título, Um poema não tem título, Que ideia esta de se dar título a um poema Eu acredito nos poemas como quem crê em Deus, Mas eu não acredito em Deus, Acredito em mim mesmo. Pudesse eu rogar por ti Como rogas por mim, Pudesse eu crer nas tuas colinas E vales que te rodeiam Para beber do teu sacramento E ser parte de ti em mim. Pudesse eu ser teu filho E acreditar no que acreditas, Ver o que vês Para todos os malucos Que haja loucura E Terras sem gravidade Nem pontos de equilíbrio Para poderem voar e vaguear livres Como quem se sente inteiro É sombrio este mundo que vejo Sem Deus em quem acredite Sem loucura que me habilite É triste este Deus que desejo Porque rezo por ele como se ele rezasse por mim Que para todos os lúcidos haja um tolo Que queiram equilibrar Porque loucos andam os lúcidos Com a mania que tudo são patologias para curar Correm cansados os crentes Sobre os pés de Homero

A fome aperta a sanidade mental

Dois dias passam como se fossem um A história é um revés da memória que não posso ter Em palavras que nunca quis dizer Por mentir. Por achar uma mentira na verdade Talvez um poeta não tenha idade E eu não seja poeta Embora eu seja poeta A fidelidade é um conceito ineficaz e facilmente falível Ainda que eu acredite em impossíveis categóricos Respeito todos os registos históricos E peço ao mundo que dele se faça Roma E que não se mate quem ama Que para todos os mortos haja uma cama Os poetas são só poetas por não terem tempo de ser mais nada Detesto a realidade Por ser intempestiva Fruto do absurdo e morrível Porque ninguém me paga para escrever o que aprendo Eu escrevo o que crio e não o que não confio Porque a um poeta cabe criar E contestar a ordem irreal das coisas Que são nada Ainda que sejam alguma coisa A fidelidade é um conceito vago E pouco prático Porque ninguém o é Ainda que o sejam Não o são. A monogamia matou e mal as orgias Clássicas da Rom

A liberdade dum poeta.

Que as ruas se encham de poetas Poetas que trabalham E poetas sem ofício Porque há que fazer sacrifício! É indigno Um poeta ter que procurar emprego Seja flora intestinal ou brincadeira do destino Que o poeta saia ileso Há quem dite as leis Que para todos os bordéis Hajam papeis Para os magos e Reis Um poeta é poeta E não lhe é digno o desemprego Porque ouro não é dinheiro E se poesia não vale ouro, Jesus Cristo não foi Profeta Que todas as palavras façam greve Para que os humanos sintam de leve Que é grave. Um poeta só escreve Não é digno quererem Que o poeta suje as mãos Já sujas de tinta Enquanto uns dormem Venham para as ruas os poetas Porque é tempo de trabalhar Deixar as rimas Porque há contas a pagar Há que pagar casa E ter emprego Para comer na brasa E dormir em sossego Amigos são amigos E a amizade ainda não vale dinheiro Ainda que sorrisos Não me encham o mealheiro Eu prefiro ter um amigo A viver sozinho Faço pernas ao caminho E

Um cigarro de prata.

Um cigarro de prata caminhava na boca de um poeta. O poeta ao sair de casa dera de caras com o tédio e a alegria. O poeta caminhava sob a égide de um poema. Tinha oitenta e seis poemas para oferecer ao seu primeiro colo que por estranho que possa parecer viria a ser o último deste. O poeta abraçava a glória por não poder conhecer mais coisa nenhuma. Na primeira parte do dia, o poeta estava acordado para ver o dia nascer. Às sete da manhã deitava-se. Hora em que toda a gente acordava. A rotina nunca fora a sua melhor amiga. No caminho para casa, o poeta encontrara outro poeta e agora tinha companhia na sua poesia. Que por vezes se fundia de duas numa só. O cansaço abraçava o segundo poeta. O segundo poeta era mais impulsivo e louco que o primeiro. Dormia dois dias e passava um inteiro acordado. Não sei se por ser louco ou para fazer render o tempo. Era também narcisista, pensava em si a toda a hora e via-se em todo o lado. Muito egocêntrico, mas feliz assim. O primeiro poeta dormia cinc

Eu sou a actualidade.

A geração de 1970/1980 é a contemporaneidade, se eles o são, eu sou actualidade. Porque os meus textos, fruto do meu narcisismo, haverão de ter cem anos de solidão e continuar a ser actuais. Morram os poetas, morram os estetas, morram todos que eu sou a actualidade! Eu sou a actualidade. Eu sou actual. Não tenho nada para dizer Só que sou actual. Sou actual e é tudo.

Os palhaços estão em greve.

O circo fechou porque os palhaços fizeram greve O palhaço sentia-se mais leve, Não tinha que carregar o trapézio Do trapezista José Régio A Paloma não tinha que guardar os Leões Do domador Luís de Camões Os Elefantes não tinham que se exibir Porque os circenses decidiram fugir Os poetas apreciaram o circo Do dia vinte e cinco de Novembro Não havia greve de que me lembro O palhaço roubou o arco No Arco do Triunfo Brincavam às revoluções As pessoas eram vulcões Como um tufo Os palhaços fizeram greve E o circo fechou-se Não havia salário O povo proletário Empobreceu e não havia animação Para apresentar no S.João Acabou o dia e a greve de palavras Continuou a fazer-se pelo silêncio As pessoas não conseguiam comunicar A greve acabou.

Palavras surdas.

Dois corpos comunicam em convexo. Um aglomerado de pessoas que se julga Qualquer coisa Ainda que inerte E isso remeta Para substâncias Psicotrópicas Contrariam-se as leis do absurdo Porque as da física já foram todas contrariadas Vão palavras em ventos Secos De qualquer coisa além de mim Poesia que nasce em ciclo De pensamentos Que nunca cheguei a pensar.

O infinito é uma fonte que também seca.

A amargura é iluminada Pelas palavras do Futuro Um porto que parece seguro Até cessar sobre a calçada O Infinito é um verso Esteticamente perverso Que arranha das entranhas De todas as façanhas Para dizer em coro Que as palavras são uma fonte Que também pode secar Onde há namoro Há quem olhe de fronte E quem fique a olhar O infinito é uma glória De vozes embalsamadas Por partituras duma fantasia Em chamas. O infinito engole-me Pela garganta E pede-me para grite o teu nome.

Amor voraz.

Silêncio. As janelas do pensamento fecharam-se. Um poema é cantado de forma épica As leis das estética São nostalgia profética Em amores sem fim Que têm fim  à vista, para mim. Cadência passageira Da intensidade da luminosidade Sentar-se à frente da lareira Com sede de curiosidade Amores sem fim. Voraz é a fome Que escreve o teu nome Sobre o meu E me diz ateu Quando sou crente Em ti, meu amante Amores intensos, Rápidos E delicados Sobre palavras Da tua boca Ditas pelo silêncio da minha.

O João.

Cena I O João senta-se no sofá com um cigarro na mão. -Bom dia Maria! A Maria a mexer no cabelo. Com unhas pintadas de vermelho. -Olá meu amor! Olham um para o outro e beijam-se. -Amo-te muito! - diz o João enquanto toca nos cabelos da Maria - És linda! Quero-te para sempre -Meu amor és a melhor coisa da minha vida - grita a Maria, enquanto se dirige para a porta. Quando se dirige para a porta, derruba um jarro que tinha três rosas e parte-se em cacos. Maria corta os pés sem querer. O João desata a correr para a beira da Maria. -Meu amor! Meu amor! Estás bem? -Não. - responde Maria aos soluços - Achas que tenho que ir ao hospital? -É melhor. Quero-te bem! O João pega na Maria ao colo e dirige-se para o carro e dirigem-se para o hospital. (Saem os dois de cena) Cena II Entra o Joel a correr pela sala! A ver se a Rita ainda lá está! Cruza-se com ela. Dá-lhe um abraço. E diz: -Estou a morrer de saudades tuas! -Eu também Joel - responde Rita, com um sorriso - Ao tempo!

A verdade é um capítulo em branco

Caminhar no vácuo deixado pelo inferno Está calor no meu inverno A realidade contempla as asas do meu caderno Em branco Baco brinda às prostitutas Eu brindo às putas Das minhas janelas Que estão fechadas Ouço o vento, Ouço o meu alento Em frases soltas Da minha cabeça A mulher fez-se homem ao sétimo dia Dias passam como comboio para viagens ambulantes O descrédito ao que sou A descrença no local para onde vou Atar mentiras aos desejos Às verdades Um caminho rectilíneo Igual, Estanque Um livro da minha estante A cair para o poder ler Sai Um amor Uma passagem Um desejo Uma descrença Uma amizade Passam dois dias em prosa Porque a poesia se cansou O homem fechou a porta E logo alucinou Foi para o quarto masturbar-se A ouvir os gemidos vindos Do quarto da irmã Que fodia com o patrão Do Pai. Apocalipse num só dia Porque ao terceiro faz-se magia Entra uma porta nas docas Porque os barcos ficaram em casa Do meu Pai Que não acredita em magia Nem tem patrão Na minha farmácia só entram sapos E P

Descarga eléctrica.

Odeio-te Amo-te Odeio-te Amo-te Odeio-te Amo-te "Amo-te tanto meu amor, és lindo." És um poema És um poema sem verdade És um poema sem virtude Queres o que não tens Tens o que não queres. "Tenho saudades tuas. Amo-te" Passam as horas ao lado do relógio Na ânsia das tua palavras que o tempo não contempla Sobre gestos que se esperam e não se tem Atitudes que se esperam pela tua presença O que és para mim? Mudar o mundo para me encaixar melhor nele. Ódio a contemplar os céus Por não poder despir todos os véus Vou à lua para espalhar magia Rasgos de poesia Para sorrir Para vir De poemas De poesia De alegria "Quero-te sempre." Viver num mundo isolado pela presença de outros Para além de mim. Outros que contemplam inverdades Irrealidades Que não a minha Desejos ardentes no suco dos teus lábios À espera dalguns que não os meus Os teus. Quais teus? Os meus! Quais meus? Quais então? Só sei que nada sei E que o meu tempo Não é o meu tempo Que os meus di

Eu mesmo.

Eu mesmo no meu espelho. São três da manhã e só tenho raiva De mim, por mim, para mim. Amar como quem ama a poesia Vazio, vago, ilimitado Negar o prazer Negar a visão. Iludir o vago. Iludir o vazio Iludir o ilimitado Raiva! Raiva! Raiva! Amar a ilusão. Amar o vago. Amar o ilimitado. Próximo passo, Próximo dia Sem magia Sem limite Sem amor Sem poesia Fugir. Seguir. Correr. Espero as tuas palavras Que nunca cheguei a ler. Sabores da tua boca Na minha, Que é tua. Na minha que é tua. Raiva. Esperar, Não ter.

Limite

A linha que cruza o Tédio É irmã da Tia Carminda A Tia Carminda faz bolos E bebe vinho Hoje é natal Abram as latas E batam nos burros É Natal! O Pai chamou o filho O filho cantou para o Pai É Natal E a Dona Carminda come bolo É Janeiro Eu monto o cavaleiro É Inverno Eu queimo o meu caderno É Natal É Portugal É bem e mal É Natal! Escrevam em actas Comam batatas Virem as páginas Rompam aos saltos E aos pinotes Que eu quero por força ir de burro E a um burro nada se recusa! É Natal!

Contra-tempos.

Contratempos. a lógica é lógica porque não podia ser outra coisa a filosofia é filosofia porque os gregos são gregos a história é história a medicina é medicina a psicologia é psicologia a sociologia é sociologia Morra o Pitágoras Morra o  Dantas Morra o Platão Morra o Saramago Morra o Descartes Que eu estou farto de morrer por eles Hoje quero viver Hoje só quero viver A vizinha da frente tem umas peúgas amarelas As minhas cuecas são azuis Ficavam bem com peúgas amarelas Viva Portugal! Viva que ninguém nos leva a mal! É poesia! É arte! É Pop! É rock! É Bernardo Soares: "Todo o prazer é um vício, porque buscar o prazer é o que todos fazem na vida, e o único vício negro é fazer o que toda a gente faz." Não sou poeta Sou obstetra Não escrevo nem leio Escrevo-me e leio-me É tudo.

Roubar ideias é umar arte.

Hoje vou roubar uma ideia! Vou roubar uma ideia de Platão. A ver se ele me processa por plágio. Com sorte consigo ser processado por calúnia Ou difamação. Como os nossos advogados são fracos Só sou processado por "doses ilícitas de Amor" As palavras são vorazes, Mas eu não sei o que é que isso quer dizer. Talvez a vizinha da frente saiba. Gosto de sofrer por amor, Se for platónico então... É uma delicia. O humor é como um filme de Terror. Se roubar uma ideia de alguém morto Fico famoso e vou para os tribunais Dissuadir juízes O Advogado faltou às aulas de Retórica O Juiz é Juiz porque não tinha mais tempo Para ser outra coisa qualquer. Roubo uma ideia e vou vendê-la, Com sorte ainda ganho dinheiro Para cobrir as despesas do processo. Tenho saudades da Ofélia E de quando eu era Fernando Pessoa. Escrevia poesia e fechava-me no quarto Por ter medo de sair à Rua. Ia para o café com o Santa-Rita Pintor E bebia absinto. Eram vinte para as quatro e ia comprar tabaco À Ta

Congratular o Apocalipse.

Fechar os olhos e divagar, porque tudo o que começa tem necessariamente que ter um fim. Pensam os humanos. A existência parte do princípio de que para se existir, vai ter que deixar de se existir. As palavras preservam-me a eternidade e congratulam-me no Passado, Presente e Futuro. As palavras mordem-me os lábios num desejo de quem ama, de quem odeia, de quem vive. Ainda que eu exista, eu congratulo o fim. Porque o fim é sempre mais belo. É mais coerente. Bebo. Fecho e adormeço.

Poesia da discordância

As regras sociais fogem da regra As regras socias são uma generalização apressada Os estereótipos são falácias. A moda segue a moda A organização social é ilusória Mentiras. Mentiras. Mentiras. Crenças dúbias. Eu acredito em mim. Egocentrismo, finalmente.

Longevidade.

As palavras mordem-me os lábios, O desejo é atroz, O beijo é veloz A intensidade pede longevidade São trocadas emoções Sensações pedem para que dure Promessas na ânsia de não serem vãs São beijos nas tuas maçãs Um rasgo de prazer Sob a égide do teu beijo O odor do teu corpo A abraçar o meu Sobre palavras que eu podia dizer Sobre palavras que tenho guardadas Sobre cansaço que pede que fiques para sempre A lucidez amarga o meu ser. Se é que sou alguma coisa. Crença convalescente De que o Amor é desejo ardente Que o amor é evidente O teu corpo veste o nu Para tocar no meu já despido Tenho lido O teu rosto Tenho lido a tua alma. Acredito que a mancha vermelha Que marquei em ti, Seja um sinal de eternidade Quero longevidade E ser eterno em mim Já que em ti ficarei para sempre Só prendo as palavras porque não posso Dar-tas mais. Quero amar-te mais. Quero que estejas sempre aqui. Acredito em nós. Acredito, pois.

Olhar angelical

Freud sentou-se à mesa: Você não sabe nada - Exclamou Platão. Sócrates disse bem alto: Só sei que nada sei! O Descartes levanta-se e diz, Amigos, eu descobri! Eu penso, logo existo. Sócrates responde. Só sei que nada sei. Vem o António Damásio E exclama: Não basta pensares para existir, Tens que ser consciente da consciência Senta-se Agostinho da Silva E fuma um cigarro. Almada Negreiros olha em vão. Vergílio Ferreira reflecte sobre a sua existência. Sartre come com ele. Albert Camus vai para o café E abraça os amigos. Manuel Arouca chora em vão. Na mesa em frente está Fernando Pessoa A ver sentado a seu lado Mário de Sá-Carneiro Santa-Rita Pintor levanta-se e berra: SOMOS A ORPHEU. Manuel Arouca - mas o que importa sou eu. José Saramago diz: Avante Camarada. Os fantoches saem de cena E volto eu ao palco. Fantasias e brinquedos estão à minha volta Eu dou beijos às palavras e fantasio Com as frases. Sento-me sozinho e deambulo nos meus pensamentos Sento-me e e

A infância outra vez.

Mãos dadas, Olhar de respeito. Ele procura uma mãe, Ela procura um pai, Dizem-lhe que é o Complexo de Édipo, Dizem-lhe que é o Complexo de Electra. Ele olha para ela à espera que ela lhe dê as mãos, Ela olha para ele à espera que ele pegue nela. Ela procura segurança, Ele procura amor. Dão as mãos: Ele convida-a a sentar no baloiço Ela senta-se e olha para ele Ele empurra o baloiço com cuidado No movimento para cima e para baixo, Ela sorri muito. Ele repara em como o baloiço representa o humor Quando em cima, os momentos altos; Quando em baixo, os momentos baixo. Ela ri e corre para os braços dele. Ele chora sem que ela veja, para poder ser o Pai. Ela sorri. Ele chora e volta a chorar. Pudesse eu amar como uma criança, Pudesse eu ser ingénuo Pudesse eu amar como um cego, Pudesse eu amar sem ouvir. O ciúme é amor. A presença é dor. Têm treze anos outra vez. São jovens de novo. Choram como quem ri E riem como quem chora. É amor? É amor! Amam apenas. Sinto o vento.

O homem vivo que estava morto

Morto de mim. Morto de ti. Apagaram as luzes e as velas acenderam Para orar. Rezava eu, ele, Rezávamos nós. Andava de braços dados consigo mesmo, Não sentia, Era indiferente ao mundo, Não pensava. Estava morto. Estava morto há dois anos. Não sabia o que era amar. Não sabia o que era errar. Não sabia nada mais. Rezava ele: Pai nosso que estais no céu.... E um anjo gritou-lhe ao ouvido; Pára! Vive! Tens que viver! A vida é tua e é linda Deixa os conceitos e vive! O tempo passou... A gnoseologia apagou-se E cessou o olhar dos desconhecidos. Cessou o tempo porque não penso E nada parou para pensar. Eu sou eu E somente eu. Reza, Porque eu não sei nada Acredita, Porque eu acho que não sei nada. Finge, Porque eu sei que não sei  nada. Haverá alguma coisa que eu possa dizer? Se houvesse realmente alguma Já a haveria dito Dir-me-às o que dizer Ou saber Fingirei Porque te amo Fingirei Porque não te posso possuir O homem vivo estava morto. Eu morri apenas, Porq

O vício da dor.

Dói na primeira pessoa. Vou refugiar-me sozinho. Tenho saudades Tenho ciúmes Tenho dor Tenho amor Tenho dor E dói Dói muito Dói porque te amo Dói porque te amo Dói muito no peito Dói muito porque tu não compreendes Que eu te amo E amar-te é sentir as coisas assim Só queria que conseguisses compreender. Que me amasses a mim. Dói muito. Vou fechar-me no quarto. Dói muito. Dói muito! Não quero mais isto.
Hoje sou tulipas, Sou absinto, Sou labirinto Sou ópio. Sou eu próprio! Ser ou não ser, eis a questão Não sei se cão Se outra coisa qualquer Se homem, se mulher Se Deus, se Lúcifer Sou eu e eu apenas. O eu cansou-se de ser outro. Outrora Reis e rainhas, Agora proletariado e amores sem fim Porque não sei se para mim Chega a existir alguma coisa Que não seja coisa nenhuma Quantas coisas são alguma Percepção e realidade Mentira e verdade Eu minto. Minto.

As lágrimas não me escorrem pela cara.

As lágrimas não me escorrem pela cara, Choro por dentro. Não sei o porquê de chorar Mas hoje choro Só choro porque choro Choro e choro e choro Pensamento oblíquo De quem não pensa em nada Emoções são só emoções E no meio disto eu não sou nada Apenas tentei ser qualquer coisa Na verdade não cheguei a ser. Amo porque amar é doença E eu sou louco. Sou louco porque a lucidez cansa Cansa, cansa, cansa! Estou em mim porque não posso estar em ti. Estou aqui a pensar e a sentir coisas Que não sei descrever Se são ciúmes vou fugir para o egocentrismo E vou amar-me apenas a mim Porque Amo, amo, amo, amo, amo, amo. Amo-me a mim. Amo-me a mim. Amo-me a mim. Apologia do mentir Minto, minto, minto. Hoje sai de mim, para estar de fora A contemplar-me.

"O Teu Poema"

Eram três da madrugada e a biblioteca que outrora era fruto de Adão e Eva Haveria sido substituída por bancos cómodos com computadores sem livros. Lia-te e lias-me de forma doce. As passagens que te conto em trabalhos meus que nos fazemos São virtudes incansáveis. Porque o nos trazes a este lago. A este mar de prazeres e luxúria Onde vinho tinto escorre pelas nossas suaves bocas. Cigarros são trocados e consumidos apocalipticamente Palavras que não existem são consumidas e atadas aos cálices servidos. Brindemos, Brindemos porque hoje somos nós um. Nenhumas palavras preencheria qualquer da nossa cumplicidade. Morre Dalila, vive a Emília. Os poetas cruzavam o Tejo, cruzavam o Douro E a poesia escorria de forma suave. Onde somos teu. Teu porque seremos únicos. A realidade e dissonâncias cognitivas Assim como dilemas existências Estavam de lado no nosso caminho Porque o nosso valor está no que somos Enquanto esperamos uma suave aprovação de quem nos lê. Poesia

O Platão deixou o sexo tântrico.

O Platão despiu-a. Vestiu-lhe o nu. Escreveu-lhe cartas para as quais não obteve resposta, achou-se Platão, perdeu-se o sexo tântrico.O Platão sentiu ciúmes, o Platão ficou obsessivo e chorou sem lágrimas. A vida avança, nesta balança sem peso nem medida. Onde palavras são secas pela sede. Platão nunca pensou poder apaixonar-se assim. Platão obsessivo compulsivo. Platão assexuado. Chorou. Lágrimas. Tédio. Chorou em seco. A dor corrompe-lhe o coração porque a terceira pessoa devia estar a escrever na primeira. Platão cansei-me de escrever-te na terceira pessoa. Estou perdida de amores por ti. Nesta fusão de alma que temos em nós. Platão isto que sinto por ti é só desejo sexual. Platão, eu sou Platão. Platão ambos queremos que isto dure para sempre. Platão podias acreditar por mim. Hoje tenho medo do escuro e sou uma criança de sete anos. Platão hoje estou frágil. Platão isto que digo não significa coisa alguma. Estou cansada de tudo isto. Estou cansada de não te poder beijar e ser p

O problema de saber tudo está na dimensão.

Prever o momento a seguir porque humanos funcionam como peças de encaixe perfeito. Saber tudo é um problema. Saber o que o outro está a pensar e a sentir, saber o que vai acontecer a seguir, sem tentar antecipar o acontecimento. Apesar de saber tudo, respeitar o mundo e o ritmo dele, com uma certa indiferença. A plenitude está na indiferença. A postura rotula a percentagem de felicidade. Quando se sabe mais que o suposto não se deve mostrar porque assusta. Saber que a namorada do Afonso o trai, só por olhar para ela. Saber que o teu Pai vai às prostitutas. Saber que a tua namorada diz-se fiel e te anda a trair com o padeiro. Saber que o teu médico te receita anti-depressivos e está a passar por uma depressão. Saber que o juiz tirou a pena ao criminoso porque faz amor com a prostituta. Saber que o presidente da junta de freguesia trafica cocaína. Saber que o teu psiquiatra é viciado em cocaína. Saber que a tua mãe acabou de abrir as pernas na secretária do patrão. Saber que o teu irmã

Tempestade poética.

Sensacionismo bucólico, Futurismo Falta dele. Futurismo. Poesia. Poesia. Chuva. Chuva. Está a chover no meu quintal. O meu mundo tem paredes. O meu mundo é surreal. Bim bim. Bum bum pau. Pum pum pim pim Zááááááááááááás. O mundo é controverso. Eu escrevo em verso. O mundo é dicção. P-O-R-T-U-G-A-L. O Poema é uma tempestade. Um poema é ciúme. O poema é realista, Um poema é neo-realista, Um poema é fantástico. Um poema é merda nenhuma. Bum bum bum bum pau. Bum bum bum bum bum bum pau. Pim pim pim pim Não me fodas a cabeça a mim. Pum pum pau. O bocage era um calhau. Záaáááás. Zááááááááááás!!!! Záááááááááááááááááááááás! BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM Que se foda a Orpheu. Que se foda o Caralho do Bartolomeu. Que se foda a puta que o pareu Porque a que o pariu Fugiu Comigo, Meu amigo. Meu caro Watson, elementar: Eu estou com vontade de cagar. A poesia é foda,

O Amor é Poesia.

Amar como quem ama o vento, Amar como quem ama a tempestade, Amar como quem ama a velha idade, Amar como quem ama um rebento. O amor é um conceito artístico, O amor move a arte, vontades; O amor é um jogo de interesses: Não dos que eu tenho, Dos que eu gostava que tivesses. O amor é acomodar-se à conceptualização Dele mesmo; Para assim mover montanhas. O amor pode ser beijar como pessoas estranhas, Pode ser sensação, emoção, Ou falta delas. Há em mim uma tempestade poética: Que cruza a linha do absurdo com a ética. Construo um poema sem estética, É a emoção pragmática. Circulos convexos, Como universos disconexos Sobre uma utopia do eu, Não do meu, do teu. Palavras tempestuosas Que desconstróiem a acção, Que mostram a liberdade. O livre-arbítrio não existe, Com ou sem Erasmo de Roterdão. É uma questão De conceitos. A liberdade, se existe, Não se faz de conceitos. Eu penso um poema, Eu penso uma pessoa, Eu construo o mundo. Eu escrevo o mundo. A imagem é a semelhança de Deu

Poesia do três.

São três horas, Tenho três casas Cada uma tem três quartos. O meu triângulo tem três pontas Estou a ler três livros. O vazio é contemplativo, Porque na realidade eu não quero dizer nada. Se eu pensasse em dizer alguma coisa, Certamente não chegaria a dizer coisa nenhuma. Já pensei em muitas coisas, Mas nenhuma delas foi efectivamente pensada. A melancolia é solitária como as bichas. Batem de leve na minha porta, Porque eu estou a dormir e têm medo que acorde. São duas dúzias de pensamentos, Porque o resto no mercado não se vende. Eu não sei o que digo, porque nunca pensei muito em tentar dizer alguma coisa. O Eurico beija-flores, eu beijo a mulheres. Mas se o Fernando for Pessoa, eu sou gente. Eu tenho calor. E se o Mario sabe a Carneiro, eu prefiro comer a Ophélia. As putas e o vinho verde, porque o vermelho está caro. Todas as mulheres são putas menos a minha, Toda a alma tem prisão de ventre, menos a minha. Todo o tédio tem uma luz, menos o do Fernando Pessoa. T

Três minutos de arte.

Um cigarro a consumir o tédio, O tecto a pedir mais chuva para poder cair, O Sol escondido e a brilhar para o outro hemisfério. Estás de férias, acordas. Hoje está a chover, Consome a poesia, Lê-me, lê-nos. Brinda. Brindemos. Em três, Passagens intemporais. De poetas Que eu não sou. Que eu serei. Jamais pensarei No mundo, Ignorância de cantar. Serei um ignorante, feliz e incosciente. Serei a pobre ceifeira, Serei feliz. Sou feliz. Em três minutos sou o ser mais feliz do planeta. A felicidade em plenitude, eu abraço-a Um banho chama por mim. Uma água benta das nuvens. Ruma à vida, eu vagueio. Rumo à vida, eu penso. Chuva: hoje estás molhada. Até já chuva, Até já chuva, Até já chuva!

Intermitências de arte.

Riscar um poema. Riscar um dogma. Riscar um fonema. Riscar um paradigma. Um poeta canta em coro, Um verbo pede socorro. Uma frase por construir, O poeta a bulir. Dois dias passam a correr, Uns tentam dizer, Outros conseguem escrever Um poema para ler. Ciência de existir, Não do que se sabe, Do que está para se saber. Não do que vem, Do que está para vir. Correr, como quem cansa. Porque o peso oscila na balança De quem contempla Uma rima em paleontologia Porque existir é uma antologia. Uma antologia estética, Poética, Sem ética. Escrever é uma apóstrofe Sem paradigmas, Sem esquemas ou linhas. Porque rectas ou curvas, Ambas são traços degenerativos Da memória dos vivos. Uns insultam, contestam E acarretam a cruz às costas Como se fosse Cristo, Mas eu não tenho cá disto, Evaristo. Outros continuam correntes, Uns avançam, outros contestam. Uns são poetas de intervenção, Outros de canção. E todos abraçam causas e fundos sem causas Porque com ventos vêm as chuvas, Tempestad

Tédio, Políticos e Lágrimas

Um poema caminha no vácuo, Um coração aperta uma frase A psicologia nasce sem Catarse Gregos, Romanos e Troianos A abraçarem Políticos. Apocalíptico saber Que me tenta conhecer. César Augusto A preparar as castanhas para o magusto. Brindam loucos, Como se fossem poetas: Morre Kadhafi, aplaudem os turcos. Cantam palavras, Como se fossem humanos: - O mundo está em crise. Economia libertina Que já levou tantos à guilhotina. Números sem ouro, Que não cobrem rasgos de louro. Reserva Federal a emitir notas As vacas a ficarem loucas, Os frangos com gripe Das aves que voam tortas. É a SIDA, É o apito de partida. É a televisão, É a Candidíase E a comichão. É a homeostase. Vem o Coelho a contar os Passos, O Paulo a fechar as Portas Os submarinos a entrar nas docas, Os cortes feitos aos soluços. Vem o Sousa, Jerónimo a foder o juízo, O Francisco a partir a Louça para fazer o jazigo. Chega o Jardim do João do cu Aberto E lá entra tudo, entram milhares de eu

O SISTEMA DE ENSINO É UMA BULA DE INDULGÊNCIA.

Juntos desenhamos o mundo: estamos com Platão, Ofélia, Antero de Quental, Mário Cesariny. Juntos somos a Arca de Noé. Conservamos experiências, contemplamos mundos claros e obscuros. De noite vivemos para abraçar poesia e criar, porque chegamos à conclusão que a experiência vale mais que a vida. Juntos somos droga na ânsia de ser consumida. Vejo-te abraçar os louros da tua coroa. Para dizeres ao mundo tudo o que sempre quiseste, mas nunca te deixaram dizer. Para mostrares ao mundo que vives sobre a égide da ideologia Francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Acordas Danton e Robespierre, Girondinos e Montanheses, tiras o Louis, o Rei XVI, da forca. Levantas a Marie Antoinette, dás-lhe uma vida e ela segue-a sem se aperceber, é uma percepção nossa e representa-a na perfeição. Tu, escritor de nome, vais ser um dos maiores poeta do século XXI ao me lado. Teremos o nosso amparo, juntos. Não vivemos em Esquizofrenias que contemplamos ou tentamos desambiguar para ser qualquer coi