Intermitências de arte.

Riscar um poema.
Riscar um dogma.
Riscar um fonema.
Riscar um paradigma.

Um poeta canta em coro,
Um verbo pede socorro.
Uma frase por construir,
O poeta a bulir.

Dois dias passam a correr,
Uns tentam dizer,
Outros conseguem escrever
Um poema para ler.

Ciência de existir,
Não do que se sabe,
Do que está para se saber.
Não do que vem,
Do que está para vir.

Correr, como quem cansa.
Porque o peso oscila na balança
De quem contempla
Uma rima em paleontologia
Porque existir é uma antologia.
Uma antologia estética,
Poética,
Sem ética.

Escrever é uma apóstrofe
Sem paradigmas,
Sem esquemas ou linhas.
Porque rectas ou curvas,
Ambas são traços degenerativos
Da memória dos vivos.

Uns insultam, contestam
E acarretam a cruz às costas
Como se fosse Cristo,
Mas eu não tenho cá disto,
Evaristo.

Outros continuam correntes,
Uns avançam, outros contestam.

Uns são poetas de intervenção,
Outros de canção.
E todos abraçam causas e fundos sem causas
Porque com ventos vêm as chuvas,
Tempestade ou não.
Seja poema, ou não.
O coro é em vão.

Bertrand Russel,
E o caracol em carrossel.
Uns trabalham outros pensam.
Simetrias e assimetrias de existir.

Nostalgias de um bem perdido,
Antologias do suicídio.
Filosofias e cadeiras barométricas
Que medem o estado do pensamento.
Um alento sem causas para efeitos.

O medicamento do tédio,
A pastilha e o remédio
Santo.
A descrença na crença em Deus.
A necessidade da Ciência,
Teologia avança,
Pessoa balança,
Saramago dança.

Acreditar em Deus,
Acreditar em ateus,
Acreditar nos meus.

Tédio e filosofias ao desbarato.
Informação e contestação
Social.
Reflectir em Portugal,
Sobreviver no Senegal.

Comer na Polónia,
Subsistir na Somália.

Povos abraçam causas económicas,
De quem vivem a somar e subtrair
Nas contas
Públicas.


Ligar à frequência,
A lei da atracção a chamar os frutos
Dos nossos pensamentos.

Conseguir, querer e crer
Não em Deus,
Nos meus.

Crer em Deus também,
Crer em Deus por ele mesmo,
Não pela necessidade de que ele exista.
Depois de passar a Bíblia em revista.


Acreditar, saber, aceitar.

Aceitar o vão,
Aceitar o vago,
Aceitar a Eva, o Adão, o Pão.
Tolerar o estrago.

Viver sem contestar,
Concordar,
Aceitar,
Não chatear.

Pensar,
Reflectir,
Conseguir.

Absolutismo régio do eu.

Porque o que quero é o meu.

O meu ser, que sou, que nunca fui.
Onde estive, onde quis, onde vou estar.
Nunca pensei no mundo, sou o mundo.
A percepção desligada de outras percepções.
Porque a minha realidade haverá sempre de ser percebida
E nunca entendida.

Nunca acreditei em nenhum Deus,
Acredito em Deus.
Não um em especial,
Acredito no meu.

Vem o Passado, o Presente, o Futuro
E a prova em contrário de uma matriz programada
Ou por programar,
Viver a representar ou assumir a responsabilidade de viver
Com o que temos e viver, porque o comando está nas mãos
De quem tem, de quem quer ter.
O comando foge das mãos de quem acha que não pode ter.

Querer, um bem querer, porque eu me quero a mim.
Seja em chuva, sol, granizo ou no meu pedestal
Com chuva, sol, granizo e paraíso.
Eu estarei comigo, estarei comigo a dividir o meu espaço
Porque conquiste a lua ou Marte,
O meu espaço é na arte.


Acredito em Deus,
Acredito na estética,
Acredito na arte.

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