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A mostrar mensagens de dezembro, 2011

És tudo para mim.

Acordei. Pego no computador. Ligo-te. Digo-te: Amo-Te. Está a chover. Dá-me a mão, vamos rasgar a rua juntos. Vamos a Marte do meu quarto. Quando eu nasci eu descobri a lua por poder ver a tua, sabia que te amava sem nunca o ter sabido. Descobri um dia e depois outro. Nunca cheguei a dizer nada e ia dizendo tudo. As grandes reflexões deixei-as para os filósofos. Viver contigo é simples: Acordo, deito-me e masco uma pastilha elástica, quando está sem sabor, deito-a ao lixo. É isto o nosso amor. É Novembro e do meu quarto eu vejo o sol. Simulo uma farsa absoluta e finjo gostar de todas as pessoas para que elas não me venha chatear, as pessoas só gostam de quem não gosta delas. Meu amor, as pessoas são arrogantes. Meu amor, quero amar-te mais. Meu amor, estou farto de pessoas. Meu amor, eu vejo tudo do meu quarto. Meu amor, eu estou farto de Fernando Pessoa. Meu amor, comprei oito livros de Gonçalo M. Tavares. Meu amor és quem eu quero. Depois de jantar, levantei-me e adormeci. Dei por

Descobri que te amo.

Estavas sentada no banco em frente ao tribunal, sozinha. Estavas a chorar. Tomei a liberdade de me sentar ao teu lado, deixei-te chorar tudo. Quando te cansaste, limpei-te as lágrimas, puxei-te o cabelo para trás. Peguei no lenço de papel, limpei-te o borratado que tinhas nos olhos. Não te fiz perguntas. Não falei. Ouvi-te apenas.  Estavas mal porque o teu ex te tinha trocado.  Fui contigo à loja da frente, comprei-te uma flor de papel. E disse-te: Não quero que isto morra como amor, por isso dou-te uma flor de papel para que dure para sempre. Olhei pela janela, o teu ex passou na rua da frente. Atiraste a flor para o chão, saíste da loja a correr e abraçaste-te a ele a chorar e a pedir-lhe para que ficasse contigo. Ele virou-te costas e tu foste embora. Voltaste para trás, agarraste-te a mim a chorar e pediste-me desculpa por teres saído assim e disseste que não conseguias evitar. Eu ouvi-te e não disse nada. Sabia que a obsessão demorar a passar e que não há amor como o primei

Como matar alguém:

Deixar o corpo rolar sobre a valeta e ir embora, começa assim. Decidir ligar para o diabo, perguntar-lhe se está bom e pedir-lhe ajuda. Depois de lhe ligar, esperar uns segundos. E está-se pronto. Imaginei o mundo e matei-te naquele momento por não ser capaz de te amar nem mais um segundo. O amor é coisa de poetas, pensei eu. Senti-me um imbecil por ser capaz de amar tanto em tão pouco tempo, cedo me apercebi que isso só acontecia porque sempre te quis matar. Imaginei contigo como seria morrer com os meus pulsos cortados sobre os teus, como seria espetar a mesma faca em mim e em ti e esperar a morte. Uma espécie de suicídio colectivo em que a morte é a mais bela forma de amar e jurar-te a eternidade. As minhas facas são os teus olhos, eles cortam-me aos pedaços e entregam-me no talho duas horas depois para ser comercializado. Eu mato-te todos os dias e dissolvo-te em poesia que é servida uns meses depois em livros que as pessoas usam para se distrair. Quando te conheci fiz um

Cocaína mental

Rasgaram-me as insónias, roubaram-lhe o Sépia, deram-lhe cor. Pensei numa maneira de não dizer nada, usando todas as palavras do mundo. Caminhei no Cais, abri a porta do Paraíso, cumprimentei Gabriel, beijei São Miguel Arcanjo e convidei-os para irem comigo visitar o Inferno, aquilo andava muito parado por lá. Ofereceram-me as asas. Caminhei e achei estranho, quando acordei, serem dez da manhã. E disse para mim mesmo: Isto não é normal, tu estás a acordar doze horas mais cedo que o habitual. O que se passa contigo? E ao fim de uma hora de pensamento descobri que me roubaram as insónias, já pensei em ir à polícia judiciária. Um crime destes é uma atrocidade! Ninguém rouba as insónias de ninguém, muito menos desta forma. Quando cheguei à beira do oficial da justiça, disse-lhe: Senhor, queira desculpar-me... mas eu não aguento! Roubaram-me as insónias e que criativas elas eram. Dei um passeio pelo vale das gramas e encontrei 21 gramas de cocaína, no dia 21 de Dezembro de

Carta de suicídio.

Secaram-me as lágrimas . Sofro sem dor, as pupilas estão dilatadas pela vontade de chorar lágrimas secas. Outra vez secas ! Que este seja o último dia de lágrimas secas. Dói-me o sangue.   Mutilação . Coração . Corre em mim uma falta de tudo, uma falta de vontade de escrever, falta de vontade de dizer, falta de vontade de dormir, falta de vontade de estar, falta de vontade de viver, falta de vontade de existir. (Dói-me a alma, sinto-a pesada hoje. Entrego-me à depressão. Entrego-me à saudade, à vontade.) Eu só pedi para que tudo pudesse ser como eu sempre imaginei. Uma sequência de imagens belas, num centralismo puro. Ser criança outra vez, estar num sítio habitado só por mim, sem fantasmas, sem dor, sem amor, sem rancor, sem saudade, sem idade. Ver o mundo só com os meus olhos, sem visões nem sentimentos, nem cultura. Quem me dera poder viver outra vez, nascer dentro de mim, acordar e ser eu mesmo uma outra coisa que eu não sei bem. Acreditar que sou porque sou alg

Pensamentos dispersos.

O que falta ao mundo. 10 de Dezembro de 2011 Bom dia, Nunca fui muito bom a pensar sobre o que quer que seja. Sou, por natureza, inconformista. Dou-me a liberdade de expor uma grande parte dos meus pensamentos, ainda que o faça de forma dispersa e sem exagerar na fundamentação. Começo por onde? Instituições de ensino, médicas ou sociais? Vou começar pelas instituições de ensino. Já pensaram na forma como o ensino não o é? Os professores, seja em que grau de ensino for, limitam-se a ensinar o que sabem e como é óbvio não o fazem da forma mais adequada, deviam ensinar, em primeiro lugar, como se aprende e a não aceitar o que eles ensinam. Há diversas formas de ver o mesmo tema e não há verdades absolutas no conhecimento, isto porque foi criado e transmitido por humanos. Mas fica bem aceitar e ser cordeiro neste rebanho, ao qual eu não me conformo. Quanto às instituições médicas, os médicos uma grande parte das vezes tentam arranjar doenças onde elas não existem, só por

Eu.

Eu sou só eu sem nunca ter sido eu, sendo apenas eu Nunca fui eu, o meu eu sempre foi eu E nunca foi o meu Eu sou coisa nenhuma Eu sou coisa alguma Eu sou eu.

Organigrama das emoções.

 Que todos os sonhos sejam assim. 8 de Dezembro de 2011 Bom dia Ana, Estás a acordar e eu adormeço, estás a adormecer na hora em que me levanto. Hoje sonhei contigo, o meu corpo pediu chocolate pela minha manhã que se começava a fazer às dez da madrugada. Sonhei que estava contigo num dos meus sítios de conforto, que te agarrei na cara e te beijei com tremenda intensidade que ainda acordado sinto o coração bombear plenitude. Sonhei que no lançamento do meu livro não estava quase ninguém, que fiz o lançamento para cerca de dez pessoas. Sinceramente, pouco me interessa. Só quero saber de ti. Neste momento vou escrever neste registo e iniciar um novo livro. Não quero saber de loucura nem de psicologia, não quero saber de micro expressões nem de Programação Neurolinguística . Quero saber se o teu dia correu bem. Quero que os livros da minha mesinha de cabeceira vão para o inferno. Quero que o meu caderno se encha de poemas ao estilo de John Keats num amor reservado ao infin

Sou uma parte tua porque te amo.

O surrealismo dá forma ao pensamento!  7 de Dezembro de 2011 Bom dia Amélie,   São precisos dois momentos para exprimir um coração-dinamite: 1. a emoção; 2. a catarse. Emocionar os olhos com o coração, sentindo o toque ao de leve na brisa de um cabelo solto ao vento; libertar o que se sente para se poder voltar a sentir de novo. Eu só pedia que um dia pudesse ser dois, viver dos confins da minha memória e realizar profecias, nunca pedi nada a não ser que o meu coração pudesse não ser dinamite. Nunca acreditei em nada, nunca li coisa nenhuma, nunca me quis exprimir como poeta nenhum. Nunca quis ser fatalista ou depressivo, nunca quis fugir. Só sei que te amo. Mas não sei porque te amo. Sei que me quero só a mim. E que prefiro a solidão do meu quarto à companhia do teu. Sempre quis ser Lewis Carroll para poder viajar no País das maravilhas alucinado, apaixonado e vivo. Sou apenas eu. A vida é um cigarro pousado no cinzeiro e que é consumido pelo ar. A combustão da vida é feita

Tenho fome de palavras.

Um poema vagueia no horizonte Ainda distante Mostra-se relevante Pelo tempo que esteve ausente As palavras contemplam a idade Do absurdo que eu vi no centro da cidade Dois dias passam como se só tivesse vivido um Algum do tempo que sonhei e nunca vi Estive perdido  no cais, à porta do inferno Acreditei no mundo E fugi para as páginas do meu caderno Onde todo o dia é vivido ao segundo.

Dói-me as entranhas do pensamento.

Todos os títulos de um poema são um poema, Um poema vence pelo título, Um poema não tem título, Que ideia esta de se dar título a um poema Eu acredito nos poemas como quem crê em Deus, Mas eu não acredito em Deus, Acredito em mim mesmo. Pudesse eu rogar por ti Como rogas por mim, Pudesse eu crer nas tuas colinas E vales que te rodeiam Para beber do teu sacramento E ser parte de ti em mim. Pudesse eu ser teu filho E acreditar no que acreditas, Ver o que vês Para todos os malucos Que haja loucura E Terras sem gravidade Nem pontos de equilíbrio Para poderem voar e vaguear livres Como quem se sente inteiro É sombrio este mundo que vejo Sem Deus em quem acredite Sem loucura que me habilite É triste este Deus que desejo Porque rezo por ele como se ele rezasse por mim Que para todos os lúcidos haja um tolo Que queiram equilibrar Porque loucos andam os lúcidos Com a mania que tudo são patologias para curar Correm cansados os crentes Sobre os pés de Homero

A fome aperta a sanidade mental

Dois dias passam como se fossem um A história é um revés da memória que não posso ter Em palavras que nunca quis dizer Por mentir. Por achar uma mentira na verdade Talvez um poeta não tenha idade E eu não seja poeta Embora eu seja poeta A fidelidade é um conceito ineficaz e facilmente falível Ainda que eu acredite em impossíveis categóricos Respeito todos os registos históricos E peço ao mundo que dele se faça Roma E que não se mate quem ama Que para todos os mortos haja uma cama Os poetas são só poetas por não terem tempo de ser mais nada Detesto a realidade Por ser intempestiva Fruto do absurdo e morrível Porque ninguém me paga para escrever o que aprendo Eu escrevo o que crio e não o que não confio Porque a um poeta cabe criar E contestar a ordem irreal das coisas Que são nada Ainda que sejam alguma coisa A fidelidade é um conceito vago E pouco prático Porque ninguém o é Ainda que o sejam Não o são. A monogamia matou e mal as orgias Clássicas da Rom